O limite ético do matar e do morrer
Róger Bonow Mendes
médico
E interessante a conjugação de assuntos deste momento. Enquanto nos Estados Unidos discute-se se uma pessoa com vida vegetativa pode morrer (Terri), retirando-se a aparelhagem que a mantém viva (eutanásia passiva), vejo no mundo milhões de pessoas que morrem (os mais rigorosos tem ate um mortímetro de plantão contando quantas mortes por minuto acontecem) por falta de assistência. Fome. Falta de saneamento básico. Guerras sem fim. E as que vão começar ainda... Mas, não vamos nos distanciar do ponto. E no Brasil, pós FOME ZERO? Já pararam pra avaliar? E a assistência à saúde. Seria possível imaginar que de um momento para o outro se descobriu que no Rio de Janeiro a assistência médica digna está ruim? E nos outros estados, está boa? Não conheço grande cidade brasileira em que as queixas habituais de falta de segurança não se conjuguem com a falta de assistência à saúde. E há muito tempo. Denúncias não faltaram e não faltam. A intervenção no Rio está mostrando o descaso de anos e anos que se tem para com a saúde. Vejam. Faz-se uma campanha para controle de diabetes, hipertensão arterial, doença renal, câncer, etc. Um monte de gente, que nunca foi ao médico, começa a se ligar. Participa da campanha. Tem diagnóstico ou suspeita diagnóstica. Os hospitais que, sem aporte, já tinham dificuldades de atendimento, se defrontam com uma nova população de, agora pacientes, que necessitam encaminhamento, tratamento, exames mais sofisticados, internações, cirurgias, eletivas ou não enfim exercerem seu direito ao tratamento. Refiro-me aos carentes, aos pobres, àqueles que sem condições, amanhecem nas filas dos hospitais públicos. Não esquecendo que o empobrecimento da população e o desemprego vem aumentando e o preço dos planos de saúde pela hora da morte, e os pacientes estão indo para os hospitais públicos. É um outro contingente, que tem que ser considerado. Mas sim, estávamos falando de eutanásia passiva. De uma paciente nos Estados Unidos. Será que a omissão dos governos, a irresponsabilidade por falta de estrutura, de planejamento, de verbas para saúde no Brasil, não é uma forma de eutanásia passiva?

HIPERTENSÃO

Hipertensão Arterial ("Pressão Alta")

A Hipertensão Arterial, mais conhecida como “Pressão Alta”, pode ser encarada como uma doença ou como um fator de risco para o desenvolvimento de doenças do coração, pois, na grande maioria das vezes, não provoca sintomas ou os sintomas são gerais (podem ocorrer em qualquer doença), como dores de cabeça, tonturas, mal estar...

É muito importante entender que quem sofre de hipertensão arterial terá que fazer seu controle por toda a vida, visto que, na grande maioria das pessoas (95%), não se consegue descobrir sua causa.

De todos esses casos, felizmente, a grande maioria (90%) apresentará hipertensão leve, ou seja, fácil de controlar e tratar.

Diagnóstico da Hipertensão Arterial

O diagnóstico da hipertensão arterial é estabelecido pelo encontro de níveis tensionais acima dos limites superiores da normalidade (140/90 mmHg) quando a pressão arterial é determinada através de metodologia adequada e em condições apropriadas.

Classificação diagnóstica da hipertensão arterial

A - Adultos (maiores de 18 anos)
PAD (mm Hg) PAS (mm Hg) Classificação
< 85 < 130 Normal
85-89 130-139 Normal Limítrofe
90-99 140-159 Hipertensão Leve (estágio 1)
100-109 160-179 Hipertensão Moderada (estágio2)
> 110 > 180 Hipertensão Grave (estágio 3)
< 90 > 140 Hipertensão Sistólica Isolada

B - Crianças e Adolescentes

Valores da PA Sistólica e Diastólica Classificação
Menores que o percentil 90 Normal
Entre os percentis 90 e 95 Normal Limítrofe
Maiores que o percentil 95 Hipertensão Arterial

Os valores dos percentis 90 e 95 da pressão arterial para cada faixa etária são normalizados para o percentil da estatura da criança e adolescente.

Quando for medir sua pressão, esteja certo de:

Não estar com a bexiga cheia;

Não ter praticado exercícios físicos;

Não ter ingerido bebidas alcoólicas, café, alimentos, ou ter fumado até 30 minutos antes da medida;

Ter descansado por 5 a 10 minutos, sentado em ambiente calmo e com temperatura agradável;

Relaxar bem o braço;

Não falar durante o procedimento

Toda pessoa que controla sua pressão arterial deve faze-lo ao menos mensalmente e, de 6 em 6 meses, consultar-se com seu médico para checar a medicação.



Exame Físico:

No exame físico, devem constar:

A medida do Índice de Massa Corporal (IMC = peso/[altura]²), pois o sobrepeso e a obesidade podem ser causas secundárias de hipertensão arterial;

A medida da pressão arterial duas ou mais vezes. Em maiores de 65 anos deve ser medida sentado e em pé;

O exame de fundo de olho. O encontro de lesões oculares requer maiores cuidados no tratamento;

Procura de sopros carotídeos (ausculta do pescoço) e de sopros abdominais e inguinais;

Ausculta cardíaca;

Exame neurológico sumário.

"PRESSÃO ALTA"

Hipertensão Arterial ("Pressão Alta")

A Hipertensão Arterial, mais conhecida como “Pressão Alta”, pode ser encarada como uma doença ou como um fator de risco para o desenvolvimento de doenças do coração, pois, na grande maioria das vezes, não provoca sintomas ou os sintomas são gerais (podem ocorrer em qualquer doença), como dores de cabeça, tonturas, mal estar...

É muito importante entender que quem sofre de hipertensão arterial terá que fazer seu controle por toda a vida, visto que, na grande maioria das pessoas (95%), não se consegue descobrir sua causa.

De todos esses casos, felizmente, a grande maioria (90%) apresentará hipertensão leve, ou seja, fácil de controlar e tratar.

Diagnóstico da Hipertensão Arterial

O diagnóstico da hipertensão arterial é estabelecido pelo encontro de níveis tensionais acima dos limites superiores da normalidade (140/90 mmHg) quando a pressão arterial é determinada através de metodologia adequada e em condições apropriadas.

Classificação diagnóstica da hipertensão arterial

A - Adultos (maiores de 18 anos)

PAD (mm Hg)PAS (mm Hg)Classificação
<><>Normal
85-89130-139Normal Limítrofe
90-99140-159Hipertensão Leve (estágio 1)
100-109160-179Hipertensão Moderada (estágio2)
> 110> 180Hipertensão Grave (estágio 3)
<>> 140Hipertensão Sistólica Isolada

B - Crianças e Adolescentes

Valores da PA Sistólica e DiastólicaClassificação
Menores que o percentil 90Normal
Entre os percentis 90 e 95Normal Limítrofe
Maiores que o percentil 95Hipertensão Arterial


Os valores dos percentis 90 e 95 da pressão arterial para cada faixa etária são normalizados para o percentil da estatura da criança e adolescente.

Quando for medir sua pressão, esteja certo de:

Não estar com a bexiga cheia;

Não ter praticado exercícios físicos;

Não ter ingerido bebidas alcoólicas, café, alimentos, ou ter fumado até 30 minutos antes da medida;

Ter descansado por 5 a 10 minutos, sentado em ambiente calmo e com temperatura agradável;

Relaxar bem o braço;

Não falar durante o procedimento

Toda pessoa que controla sua pressão arterial deve faze-lo ao menos mensalmente e, de 6 em 6 meses, consultar-se com seu médico para checar a medicação.

Exame Físico:

No exame físico, devem constar:

A medida do Índice de Massa Corporal (IMC = peso/[altura]²), pois o sobrepeso e a obesidade podem ser causas secundárias de hipertensão arterial;

A medida da pressão arterial duas ou mais vezes. Em maiores de 65 anos deve ser medida sentado e em pé;

O exame de fundo de olho. O encontro de lesões oculares requer maiores cuidados no tratamento;

Procura de sopros carotídeos (ausculta do pescoço) e de sopros abdominais e inguinais;

Ausculta cardíaca;

Exame neurológico sumário.

HIPERTENSÃO

Fuja da Pressão Alta

Para fugir da pressão alta, seguem algumas dicas desenvolvidas pela nossa equipe: pratique exercícios físicos regulares, reduza o consumo de sal, evite bebidas alcoólicas e cigarro e saiba lidar com stress.

Nosso coração pode ser comparado a uma bomba que bate de 60 a 80 vezes por minuto durante toda a nossa vida e distribui cerca de 5 a 6 litros de sangue por minuto para todo o corpo humano.

Para esta distribuição se tornar possível, uma força é necessária para bombear o sangue através dos vasos, esta força é chamada de pressão arterial e é determinada pelo volume de sangue que sai do coração e a resistência que ele se encontra para circular o corpo.

Os números apresentados na pressão arterial significam uma medida de pressão calibrada em milímetros de mercúrio (mmHg). É considerado hipertenso aquele que apresente pressão arterial ≥140x90mmHg, lembrando sempre que podem ocorrer elevações ocasionais com exercícios físicos, drogas, fumo, álcool, café, alimentos, preocupações e nervosismo.

A seguir, algumas dicas que poderão te ajudar na manutenção dos níveis de pressão dentro do que se considera normal.

Exercícios físicos regulares

Procure dedicar algum tempo no seu dia-a-dia para realizar alguma atividade física. O ideal é realizar, ao menos, trinta minutos de atividade física moderada, três ou mais dias na semana. Se você estiver acima do peso, o ideal é realizar exercícios diariamente. Procure seu médico para uma avaliação.

Redução do sal

A Associação Americana do Coração (American Heart Association) recomenda a redução da quantidade de sal ingerido para 6 g por dia, o que corresponde a 4 colheres rasas de café de sal.

Alimente-se bem

Evitar alimentos gordurosos leva a redução dos níveis de colesterol no sangue. Com isso, você estará poupando suas artérias de ter placas de colesterol depositadas na parede interna das mesmas. Uma dieta rica em frutas e vegetais é muito benéfica para pessoas hipertensas.

Evite bebidas alcoólicas

É importante evitar o uso excessivo de bebidas alcoólicas, procurando tomar, no máximo, uma dose diária (vinho, cerveja ou bebida destilada). Além disso, as bebidas alcoólicas são altamente calóricas, podendo aumentar o peso corpóreo.

Evite o cigarro

A nicotina e outras substâncias contidas no cigarro ativam a produção de hormônios que desencadeiam a produção de maior quantidade de adrenalina pelo organismo, decorrendo disto, o aumento da pressão arterial.

Lide com o stress

Procure relaxar com pequenas pausas durante o dia, buscando evitar o excesso de atividades, a falta de sono ou se irritar com as coisas que acontecem. Algumas pessoas se beneficiam de atividades como a prática de meditação, de ioga e da psicoterapia.


Tenha uma vida saudável e afaste a hipertensão de você!

SAÚDE ATRAVÉS DA VISITA DOMICILIAR

A CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO NO CONTEXTO DE PROMOÇÃO À SAÚDE ATRAVÉS DA VISITA DOMICILIAR

Chrissandra Rebouças de Souza1; Suzane Cristine Fernandes Lopes1; Maria Alves Barbosa2

Resumo: Trata-se de estudo descritivo, caracterizado como relato de experiência, cujos objetivos foram descrever as ações desenvolvidas pela enfermagem na Visita Domiciliar no Setor Barros do município de Araguaína e destacar as principais vantagens e limitações da Visita Domiciliar como estratégia de intervenção de educação em saúde. Para isto, buscou-se identificar bibliografias que permitissem vislumbrar a situação atual da Visita Domiciliar, vivenciando o contexto familiar em que ela se desenvolveu. Descreveram-se as ações de enfermagem na Visita Domiciliar, bem como as facilidades e dificuldades desta atividade preconizada pelo Programa Saúde da Família.

Palavras-chave: visita domiciliar; histórico; educação em saúde.

Introdução

A Visita Domiciliar é um dos instrumentos mais indicados à prestação de assistência à saúde, do indivíduo, família e comunidade e deve ser realizada mediante processo racional, com objetivos definidos e pautados nos princípios de eficiência. Apesar de antiga, a Visita Domiciliar traz resultados inovadores, uma vez que possibilita conhecer a realidade do cliente e sua família in loco, contribuir para a redução de gastos hospitalares, além de fortalecer os vínculos cliente – terapêutica – profissional.

MATTOS (1995) evidencia a amplitude da Visita Domiciliar na área da saúde, permitindo avaliar, desde as condições ambientais e físicas em que vivem o indivíduo e sua família, até assistir os membros do grupo familiar, acompanhar o seu trabalho, levantar dados sobre condições de habitação e saneamento, além de aplicar medidas de controle nas doenças transmissíveis ou parasitárias.

A Visita Domiciliar também deve ser considerada no contexto de educação em saúde por contribuir para a mudança de padrões de comportamento e, conseqüentemente, promover a qualidade de vida através da prevenção de doenças e promoção da saúde. Garante atendimento holístico por parte dos profissionais, sendo, portanto, importante a compreensão dos aspectos psico-afetivo-sociais e biológicos da clientela assistida.

No Brasil, o Programa Saúde da Família - PSF, implantado no país pelo Ministério da Saúde em 1994, e que preconiza como uma de suas importantes atividades a Visita Domiciliar, está sendo desenvolvido há dois anos no Setor Barros do Município de Araguaína, Estado do Tocantins.

O presente trabalho contribui com a reflexão sobre a visita domiciliar e o modo de inserção do enfermeiro nesta estratégia de assistência, uma vez que seu processo de formação, muitas vezes, está mais voltado para o estilo hospitalocêntrico de atenção à saúde.

Constituem objetivos deste estudo, descrever as ações desenvolvidas pela enfermagem na Visita Domiciliar no Setor Barros do município de Araguaína e destacar as principais vantagens e limitações da Visita Domiciliar como estratégia de intervenção de educação em saúde.

Referencial Teórico

A história do surgimento das visitas domiciliares permite observar o quanto ela se confunde com o nascimento da enfermagem em saúde pública e sua relação com a história da saúde pública no mundo, o que nos leva a refletir sobre novos desdobramentos do cuidado em enfermagem.

Os maiores problemas de saúde que os homens enfrentaram sempre estiveram relacionados com a natureza da vida em comunidade. Na Grécia (443 a.c) encontram-se relatos de médicos que percorriam as cidades prestando assistência às famílias, de casa em casa, orientando-as quanto ao controle e à melhoria do ambiente físico, provisão de água e alimentos puros, alivio da incapacidade e do desamparo. Para eles, a saúde estava relacionada a “pensamentos sadios” (ROSEN, 1994 p.31).

Entre os anos de 1854 e 1856, em Londres, anteriormente ao surgimento das enfermeiras visitadoras, essa prática era realizada por mulheres da comunidade sem muita instrução, que recebiam um salário do Estado para educar as famílias carentes, quanto aos cuidados de saúde. Elas eram chamadas de visitadoras sanitárias e a sociedade de Epidemiologia de Londres era responsável por esse treinamento. A experiência mostrou que havia uniformidade no sistema. Assim, os dirigentes dos distritos sanitários observaram que, ao se empregar mulheres de educação superior, tais como médicas, enfermeiras e parteiras diplomadas, haveria uma otimização na assistência aos pobres (ROSEN, 1994).

O aparecimento do serviço de enfermeiras visitadoras no Brasil é marcado com o objetivo da prevenção (NOGUEIRA & FONSECA, 1977). Em 1920, Amaury de Medeiros introduz na escola de enfermagem da Cruz Vermelha um curso de visitadoras sanitárias. Neste mesmo ano foi criado o serviço de visitadoras como parte do serviço de profilaxia da tuberculose. Tal iniciativa marca a inclusão da visita domiciliar como atividade de saúde pública, uma vez que o serviço referido fazia parte do Departamento Nacional de Saúde Pública.

Com a criação da Escola Profissional de Enfermeiros na cidade do Rio de Janeiro, a partir do Decreto n° 791, de 27 de setembro de 1890 no hospital de Alienados, as elites intelectuais da época estavam convencidas de que, para transformar o Brasil em uma Nação, a única estratégia possível seria a melhoria das condições de saúde da população. Carlos Chagas, em 1918, então diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública, incentivou a criação de cursos e escolas, entre elas a de Enfermeiras Visitadoras, criada com apoio da Fundação ROCKEFLLER em 1923 (ROSEN, 1994).

As visitadoras deveriam prestar assistência priorizando aspectos educativos de higiene, dirigidos a doentes (NOGUEIRA & FONSECA, 1977). Concomitantemente, em todo país, nesse período foram sendo criados os centros de saúde, os quais tinham como objetivo o tratamento da tuberculose, hanseníase e diminuição da mortalidade infantil. Nesta assistência, desempenhavam papel preponderante as visitas domiciliárias executadas por pessoal de nível médio.

Em relação ao posicionamento da visita domiciliar no contexto da Enfermagem de Saúde Pública, a visita domiciliar constituiria um dos instrumentos mais eficientes para se trabalhar com a comunidade e com as famílias na promoção e na detecção de suas necessidades de saúde. De acordo com (ARAÚJO, 2000), “são funções da enfermagem de saúde pública, com relação à família, aquelas que visam assisti-la no desempenho de atividades que contribuam para promover e recuperar a saúde de seus membros”.

Segundo COSTA (1997), “a visita domiciliar como atividade dirigida à família enseja um tipo de ensino voltado à solução de problemas de vivência em situações da vida real, no ambiente familiar”. É uma atividade caracterizada fundamentalmente pela interação entre indivíduos, e aí, a comunicação assume uma importância decisiva.

Na atualidade, o PSF, através da Visita Domiciliar, propicia maior proximidade dos profissionais e serviços com as pessoas e seus modos de vida. Conforme FONSECA e BERTOLOZZI (1997), ela permite uma aproximação com os determinantes do processo saúde-doença no âmbito familiar. Ou seja, a Visita Domiciliar é um instrumento que possibilita à enfermeira identificar como se expressam, na família, as formas de trabalho e vida dos membros, quais padrões de solidariedade se desenvolvem no interior do universo familiar e como estes podem contribuir para o processo de cuidado, cura ou recuperação de um de seus membros. Além de buscar a identificação dessa situação familiar, a sua prática compreende ainda entender as funções sociais, econômicas e ideológicas e de reprodução da força de trabalho da família na sociedade.

Em reforço, lembramos HORTA (1979), que já dizia:

Cabe à enfermagem comunitária, assistir ao ser humano, dentro da família e da comunidade, direta ou indiretamente, através da enfermeira e de pessoal auxiliar, para atender às necessidades humanas básicas e intervir na história natural da enfermagem em todo os níveis de prevenção”.

Atuar em visita domiciliar, respeitando esses princípios, aponta o horizonte de possibilidades que contribuem para superar o paradigma de saúde/doença centrado no indivíduo que até então predominou no modelo de saúde brasileiro.

Caminho Metodológico

Trata-se de um estudo descritivo caracterizado como relato de experiência. Teve como cenário o Setor Barros do município de Araguaína, no qual existem 580 famílias acompanhadas por uma equipe de saúde da família. Para este estudo foi utilizado um roteiro para Visita Domiciliar adaptado pelas pesquisadoras.

Visita domiciliar no Programa Saúde da Família: um relato de experiência

A visita domiciliar realizada pela enfermagem inclui um conjunto de ações de saúde voltadas para o atendimento, tanto educativo como assistencial. Através dela, são avaliadas as condições ambientais e físicas em que vivem o indivíduo e sua família, visando, entre outros aspectos, a aplicação de medidas de controle nas doenças transmissíveis ou parasitárias e, principalmente, a educação.

A experiência com as visitas possibilitou destacar suas principais vantagens e limitações. As ações de enfermagem na Visita Domiciliar incluem os seguintes passos:

1. Levantamento das necessidades: nesta fase, identificam-se as necessidades sentidas pela clientela.

2. Planejamento: esta fase do trabalho já mostra o desenvolvimento da visita. Durante o planejamento, leva-se em consideração a seleção de vistas, coleta de dados, plano de visita e preparo do material.

· Seleção de visitas: deve levar em consideração [1] o tempo disponível; [2] o horário mais adequado para a família, a fim de que não perturbe os afazeres domésticos; [3] as doenças de maior relevância e por isso, de maior prioridade e [4] o estabelecimento de um itinerário que otimize tempo e meios de transporte utilizados nestas visitas.

· Coleta de dados: Realiza-se um levantamento prévio por meio de fichas das famílias que foram visitadas.

· Plano de visita domiciliária: Procede-se à identificação da família: endereço completo, condições sócio-sanitárias, diagnóstico, tratamento médico e assistência de enfermagem.

3. Execução: Nessa etapa priorizam-se algumas regras: atendimento, na medida do possível, às prioridades; uso de uma linguagem clara, de acordo com o nível da família, a fim de que as famílias falem claramente dos problemas que as afligem no seu viver diário, prestando assistência de enfermagem respaldada nos meios científicos; observar o meio ambiente e as reações das pessoas frente aos problemas, mantendo contato discreto e amável. Ao término, realiza-se de maneira clara e global uma avaliação de como se deu a visita, anotando suas vantagens e limitações.

4. Registro dos dados: Descreve-se aqui as observações de enfermagem verificadas durante a visita, de maneira legível, sucinta e objetiva, no prontuário para que possamos dar, posteriormente, continuidade ao atendimento.

5. Avaliação: Nesta fase avalia-se o plano de visitas, as observações e as ações educativas ou curativas e também os pontos positivos e negativos, se as soluções das prioridades foram realmente atingidas e se a família progrediu na resolução dos problemas.

Durante a execução da Visita Domiciliar, de acordo com a problemática do cliente e/ou família, a enfermagem poderá solicitar o auxílio dos demais profissionais de saúde. Para que se desenvolva essa atividade, é necessária a polivalência do pessoal de enfermagem, pois a família e/ou cliente possuem os mais variados diagnósticos, necessidades e problemas. Portanto, é necessário o conhecimento prévio dessas necessidades antes de se executar uma Visita Domiciliar para que os objetivos propostos para esse fim sejam atingidos.

Deve fazer parte da rotina de trabalho do profissional: o planejamento, a estruturação dos níveis de necessidade, execução ou direcionamento para efetivação do alcance parcial ou total dessas necessidades e avaliação, que deverá ser contínua nesse processo, como forma de analisar criteriosamente as ações desenvolvidas e re-planejar, se for o caso.

Constatamos, durante as Visitas Domiciliares, algumas facilidades e dificuldades em seu emprego:

Facilidades:

· A efetiva interação entre o profissional, a unidade de saúde e a população que favorecem o trabalho.

· A aproximação com as famílias, que permite um conhecimento mais sólido das condições de saúde da comunidade, da prevalência das doenças, das práticas populares, do conhecimento popular sobre as doenças, permitindo a resolução de muitos problemas in loco, o que promove o descongestionamento das unidades de saúde.

· A interação família & profissional, que permite uma maior confiança para expor os mais variados problemas, permitindo ao profissional de saúde uma imersão sobre a problemática social e de saúde no interior do ambiente familiar.

· O contato estreito entre o profissional e a população fora da UBS que permite uma troca de saberes entre o profissional e as famílias.

· A possibilidade de reforço das ações de saúde propostas nos diferentes programas desenvolvidos pela saúde municipal.

· O vinculo entre profissional e familia, que permitehierarquizar e atender de forma diferenciada segundo situações de risco individual e ou coletivo.

· A reflexão junto às famílias sobre os determinantes do processo saúde doença.

· O conhecimento das percepções da população sobre temas tais como qualidade de vida e saúde, ao mesmo tempo que avalia a eficácia e resolutividade dos serviços de saúde.

Dificuldades:

· O horário de trabalho e afazeres domésticos das famílias podem impossibilitar ou dificultar a realização da Visita Domiciliar.

· Gasto de tempo, entre a locomoção e execução da visita.

· A estratégia demanda um alto custo com pessoal qualificado e com a sua locomoção.

· A falta de disponibilidade e/ou a ausência de pessoas vinculadas às famílias agendadas para ser visitadas.

· A falta de integração entre as ações realizadas nas visitas e a referência à unidade de saúde para atenção em saúde vinculada a uma especialidade médica.

· A falta de capacitação em assistência domiciliar dos profissionais de saúde.

Vale ressaltar que, para proporcionarmos uma assistência à saúde com qualidade, é necessário entender cada indivíduo como um ser único, pertencente a um contexto social e familiar que condiciona diferentes formas de viver e adoecer.

Considerações Finais

Os primórdios da visita domiciliar no mundo, num primeiro momento, mostraram que ela teve a finalidade de minimizar a dor sem a preocupação de promover o indivíduo. Posteriormente, sua ação seria justificada com o discurso de proteção da saúde dos indivíduos e a valorização da qualidade de vida, mas o objetivo maior era o aumento da produção econômica interna dos países, a profissionalização da vista domiciliária torna-se imprescindível e uma conseqüência para a prestação de assistência domiciliar.

Atualmente, a Visita Domiciliar deve estar direcionada para a educação e saúde e à conscientização dos indivíduos com relação aos aspectos de saúde no seu próprio contexto. Portanto, esses conceitos deverão ser lembrados, uma vez que o resultado desejado referente à Visita Domiciliar deverá ser a mudança de comportamentos realizada a partir de novas convicções que forem sendo adquiridas pelas famílias e comunidade.

Esta atividade do PSF constitui-se de um momento rico, onde o enfermeiro presta assistência à saúde, acompanha a família, fornece subsídios educativos para que os indivíduos, ou o grupo familiar e a comunidade tenham condições de se tornar independentes.

O fator que pesa significativamente nesta estratégia é o equilíbrio entre a execução e o custo/beneficio. Se por um lado a Visita Domiciliar exige preparo profissional, predisposição pessoal e disponibilidade de tempo na sua execução, por outro, é um serviço prestado dentro do próprio contexto, parece agradar à maioria da população e pode diminuir a demanda nas instituições de saúde, reduzindo custos familiares e do setor saúde.

Confrontando-se a realidade vivida com os dados da bibliografia encontrada, verifica-se que não existe discórdia quanto à utilidade e à importância da Visita Domiciliar como instrumento de assistência de saúde desenvolvido pelo enfermeiro que atua no PSF. O que se verifica, no entanto, é a necessidade de uma reflexão maior sobre a otimização da Visita Domiciliar no contexto da saúde da família como um meio de melhor promover a saúde e a qualidade de vida.


HIV

Estudo: antirretroviral é eficaz na prevenção do HIV

por Agência Focruz de Notícias

24/11/2010
Resultados indicam que a Profilaxia Pré-exposição fornece proteção adicional contra infecção entre homens que fazem sexo com homens

O estudo iPrEX - sigla para Iniciativa Profilaxia Pré-Exposição - avaliou a segurança e a eficácia do uso de um comprimido composto de duas drogas antirretrovirais na prevenção da infecção por HIV. Os resultados indicam que a Profilaxia Pré-exposição (PrEP) fornece proteção adicional significativa contra a infecção pelo HIV entre homens que fazem sexo com homens. A quimioprofilaxia pré-exposição (PrEP) consiste em utilizar o mesmo medicamento indicado no tratamento para a prevenção da infecção. O iPrEx é o primeiro grande estudo de eficácia da PrEP a ser realizado nessa população. É também o primeiro estudo clínico do HIV em larga escala a ser realizado em diferentes continentes.

Os voluntários eram todos adultos, com idade média de 24 anos, nasceram homens (1,2% são transgêneros) e apresentavam alto risco para a infecção pelo HIV (Foto: Cufa LGBT)

Trata-se de um estudo clínico de Fase 3 (um estudo multicêntrico, aleatório, em larga escala) criado para determinar se o uso diário de um comprimido combinado de duas drogas usadas para o tratamento do HIV - fumarato de tenofovir desoproxila 300 mg e emtricitabina 200 mg (FTC/TDF) - poderia prevenir de modo seguro e eficaz a infecção pelo HIV entre homens e mulheres trangêneras que fazem sexo com homens (HSH), os quais também recebem aconselhamento intensivo para sexo seguro, preservativos e o tratamento ou gerenciamento de infecções sexualmente transmissíveis (IST).

Os resultados do estudo, publicados nesta terça-feira (23) em artigo na revista New England Journal of Medicine, com o título Pre-Exposure Chemoprophylaxis for HIV Prevention in Men who Have Sex with Men, indicaram que a Profilaxia Pré-exposição (PrEP) com FTC/TDF, uma junção, em um único comprimido, de dois medicamentos: emtricitabina 200mg e Tenofovir 300mg, de nome comercial Truvada, forneceu proteção adicional de 43.8% aos participantes. Estes resultados são baseados em uma análise da intenção de tratamento modificada de todos os participantes - até mesmo se eles não tomaram o comprimido. O estudo envolveu ao todo cerca de 30 pesquisadores, além de 2.499 participantes voluntários, em seis países: Brasil, Equador, Peru, EUA, Tailândia e África do Sul.

O Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz) é um dos 11 centros no mundo onde o estudo intitulado iPrEX foi desenvolvido. No Brasil, além do Ipec, o Projeto Praça Onze da UFRJ e a Faculdade de Medicina da USP também participaram da pesquisa. Os voluntários eram todos adultos, com idade média de 24 anos, nasceram homens (1,2% são transgêneros) e apresentavam alto risco para a infecção pelo HIV. Eles eram orientados a tomar diariamente um comprimido contendo a medicação ou apenas placebo. Os participantes que relataram usar o comprimido em 50% ou mais dos dias tiveram 50,2% menos infecções pelo HIV. Aqueles que relataram usar a PrEP em 90% ou mais dos dias tiveram eficácia de 72,8%.

Esta análise de segurança e eficácia incluiu visitas dos participantes aos centros de pesquisa de 18 de junho de 2007 a 1º de maio de 2010. Ao todo, cem infecções pelo HIV foram registradas nesse período - 36 entre participantes que receberam a PrEP com FTC/TDF e 64 entre aqueles que receberam o placebo.

O estudo mostrou também que os níveis da droga estão fortemente relacionados com o efeito protetor: cada uma das infecções pelo HIV que ocorreram entre os participantes do estudo que receberam a PrEP com FTC/TDF ocorreram entre pessoas que tinham nenhuma droga ou níveis muito baixos da droga nos seus organismos quando a infecção foi descoberta. Isso indica que as pessoas que se tornaram HIV-positivas, apesar de estarem no braço da droga ativa do estudo, não estavam usando a PrEP regularmente. O uso do comprimido autorrelatado foi significantemente mais alto do que o uso do comprimido conforme medido por meio de exames de sangue.

O estudo iPrEX foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos através de uma subvenção aos Institutos J. David Gladstone, uma instituição de pesquisa independente sem fins lucrativos, filiada à Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF). Financiamento adicional foi fornecido pela Fundação Bill & Melinda Gates. A Gilead Sciences, a empresa que produz o Truvada (FTC/TDF) doou a droga e o placebo para o estudo, mas não participou do desenho nem da condução do estudo. O estudo conclui que a PrEP tem o potencial de ser um método de prevenção altamente eficaz quando combinado com intervenções padrão (aconselhamento para sexo seguro, acesso a preservativos e o tratamento ou gerenciamento de infecções sexualmente transmissíveis).

O resultado do estudo iPrEx tem potencial para repercutir fortemente na comunidade científica, que vive uma época de otimismo em relação à prevenção do HIV. Este é o terceiro estudo com resultado positivo de prevenção do HIV em 14 meses, e o primeiro com homossexuais, grupo mais fortemente afetado pela epidemia na América Latina.

Dados sobre segurança

Os resultados sobre segurança e resistência à droga também foram promissores. A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) foi considerada segura. Não houve diferença nos eventos adversos moderados e sérios ou nos exames laboratoriais entre aqueles que receberam a droga ativa ou o placebo (164 participantes desenvolveram um evento adverso moderado ou sério no braço do placebo, comparados aos 151 participantes, no braço de FTC/TDF). Efeitos colaterais, como náusea, perda de peso, aumento na creatinina sérica foram considerados leves e pouco frequentes.

Resistência

Os autores observaram a resistência à droga desenvolvida durante estudo foi pequena. Ninguém desenvolveu resistência ao TDF. Três participantes desenvolveram resistência ao FTC: um no braço do placebo, dois no braço da PrEP. Todos os três eram infectados pelo HIV no momento da inclusão.

Comportamento

O comportamento de risco para o HIV autorrelatado (o número de parceiros sexuais e a quantidade de relações sexuais sem o uso de preservativos que os participantes disseram ter) diminuiu em ambos os braços do estudo. Os autores do estudo consideram que é importante avaliar como o comportamento de risco pode ser alterado no futuro, a partir do conhecimento de que essa forma de prevenção fornece efetivamente alguma proteção.

Ingestão do comprimido

Os participantes do estudo iPrEx receberam extensivo apoio à adesão. O uso do comprimido auto-relatado foi alto em ambos os braços do estudo, mas o uso real do comprimido foi substancialmente mais baixo, conforme demonstrado pelo fato de que a metade do grupo de FTC/TDF não tinha traços da droga detectados em seu sangue.
Participação do Ipec/Fiocruz no estudo iPrEX

No Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz) foram incluídos 200 voluntários no protocolo de pesquisa entre outubro de 2008 até novembro de 2009. O acompanhamento dos participantes se estendeu até novembro de 2010.

Apesar do cenário promissor trazido pelos resultados da pesquisa, a investigadora principal do estudo no Ipec, a infectologista Valdiléia Veloso, faz questão de ressaltar que os resultados da pesquisa não implicam de maneira nenhuma no abandono do uso da "camisinha". "O preservativo ainda é a estratégia mais eficaz de prevenção da transmissão do HIV. É provável que no futuro nós tenhamos uma cesta com diferentes opções de ferramentas de prevenção complementares. As pessoas, a exemplo do que acontece com o uso dos anticoncepcionais, poderão escolher a forma de prevenção pesando vantagens e desvantagens para sua situação particular", afirma a pesquisadora.

A coordenadora clínica do protocolo iPrEX no Ipec, Brenda Hoagland, considera o estudo um avanço importante: "O estudo foi realizado com o grupo mais vulnerável da pandemia - os homens que fazem sexo com homens", afirma a médica. No Ipec estão em andamento atualmente outros sete estudos em HIV/Aids que fazem parte de diferentes redes internacionais. As pesquisas abordam segurança e eficácia dos esquemas antirretrovirais, definição de melhores esquemas de tratamento, testes diagnósticos mais sensíveis para co-infecções como a de tuberculose e prevalência de DST, entre outros temas.

Próximas etapas

Os autores do iPrEX declaram que resultados do estudo atual não podem ser extrapolados para além dos HSH. Outros estudos de PrEP estão sendo realizados com diferentes comunidades em risco e devem continuar.

O grupo de pesquisadores deixa claro também que a PrEP por via oral não previne doenças sexualmente transmissíveis como a gonorréia, clamídia, hepatite B, verrugas genitais e sífilis. Homens que fazem sexo com homens e devem ter atenção médica regular, usar preservativos e ser vacinados contra o HBV. Relata, ainda que a vacina contar outro vírus, o HPV, pode ajudar a proteger os homens do desenvolvimento das verrugas genitais e do câncer anal.

Outros estudos clínicos da PrEP estão acontecendo em todo o mundo entre diferentes grupos de pessoas com risco de infecção pelo HIV, incluindo homens e mulheres heterossexuais, casais sorodiscordantes (nos quais um parceiro é HIV-positivo e o outro, não), usuários de drogas injetáveis e HSH. Estudos de PrEP atuais ou planejados envolvem quase 20 mil participantes.

XAVEVO

O QUE FAZER NA HORA "H"









Você está procurando companhia? Que tal ‘xavecar’ alguém? Se o problema é medo: relaxe. Agora tem até manuais para ensinar como se dar bem na ‘hora H’. Especialistas dizem que não existem regras para paquerar, mas quem conhece os ‘segredos’ da alma humana, aconselha a soltar as emoções, baixar defesas, sorrir, e não ter medo do desconhecido.

Para o psicólogo, especialista em sexualidade da pessoa com deficiência, Fabiano Puhlmann, paquerar é arriscar conhecer gente nova; uma boa forma de exercitar a quebra de preconceitos. “Qualquer lugar é perfeito. Mas é sempre bom ser curioso e prestar atenção às perguntas e respostas da outra pessoa, não se esquecendo do bom humor, do incentivo, e do caminhar passo a passo, sem definir logo sua intenção. Se aproximar devagar, mas não ficar parado”.

“O mais importante para o xaveco é ele acontecer, e não ficar guardado por medo da rejeição. O melhor nem sempre é aquele que dá certo, mas só o fato de existir, já é muito legal. Quanto mais verdadeiro, sensível e criativo ele for; mais chances você vai ter de se aproximar de alguém”, afirma Fabiano Rampazzo, jornalista e um dos autores do Manual do Xavequeiro (Matrix editora). Para o escritor Antônio*: “mesmo quando não funciona, o xaveco pode ser uma boa maneira de conhecer o jeito de ser de alguém, e de encarar a si mesmo e os outros”.

Rampazzo ainda arisca dizer que o dia em que o xaveco sair de moda a humanidade acaba. “As pessoas só nasceram porque o pai xavecou a mãe”. Antônio* pondera: “O xaveco só sairá de moda quando as pessoas perderem o gosto pela vida, nunca o impulso sexual; justamente porque a cantada não é só hormônio, é sintonia”. Para o jornalista as pessoas ainda são muito carentes de informações e sentem necessidade de trocar experiências. “Percebemos que existem homens querendo xavecar, mas com medo. E mulheres também querendo, mas passando vontade. Por isso fizemos quadro livros e um DVD”.

A bióloga Silvia Sant’ana discorda: “não acredito muito na eficiência do xaveco, prefiro uma abordagem mais sutil. A palavra ‘na moda’ soa como ‘xaveco furado’; acho um termo meio perdido”. A professora Maria* discorda: “para mim o xaveco está na moda, mas temos que tomar cuidado, pois uma cantada mal dada pode virar uma abordagem agressiva, e até assédio sexual”.

Use sempre o bom senso.

Depois de tomar coragem de partir para a conquista, ainda bate aquelas dúvidas? Onde paquerar? Qual o limite da investida? Tomo umas cervejas ou vou de ‘cara limpa’? O que fazer depois de levar um fora? Vejam o que nossos entrevistados disseram.

Rampazzo aponta que lugares mais propícios para receber ou fazer um xaveco são na balada, festa, danceteria, show, parque, rua, sala de espera de consultório, escola, cinema, teatro ou trabalho. Para o jornalista às vezes um lugar com muita gente pode facilitar, pois as pessoas estão mais à vontade; mas um xaveco no supermercado pode ser bom justamente pelo elemento surpresa. Silvia discorda: “nenhum lugar é o pior ou melhor para fazer um xaveco, depende da forma da abordagem. Vale até em um enterro se for bem feito”.

O escritor Antônio* concorda com Silvia; o melhor lugar para xavecar é aquele onde a pessoa atraente está. Maria* acredita que tem que acontecer o clima ideal. “De repente, na sala de espera de um consultório… Ou no trabalho, o que interessa é o momento adequado, só não dá para ser nada forçado”.

E todos os nossos entrevistados concordam: é preciso ter bom senso e, saber qual o momento de parar para não ser chato ou abusar de alguém. “Quando a pessoa não está à vontade não é legal xavecar, pois em vez de sedutor você pode ser um chato. Os xavecos que passei e não ‘colaram’ foram igualmente importantes, pois o fora é fundamental para qualquer ser humano. Nunca ninguém será uma unanimidade”, comenta Rampazzo.

Antônio* alerta: “nós temos medo de tudo e de nada, conforme a situação. E o medo, bem trabalhado, é sinônimo de prudência. Caretice à parte, timidez e descaramento não combinam com álcool; porque tiram a pessoa do seu normal, da sua postura verdadeira. Falhar é inevitável, quando as coisas não vão bem dentro da gente. Temer a exclusão ou a rejeição faz parte do jogo, mas não deve se tornar regra”.

“O pior xaveco que levei foi ridículo! Estava andando na rua, chegando para trabalhar em São Paulo. O cara começou a andar ao meu lado e perguntou: ‘Como você faz para paquerar alguém?’ Eu fingi que não entendi. Ele insistiu e disse que eu era bonita apesar de ser cega. Acho que um lugar horrível para xavecar é no transporte público. Me parece que é um momento em que as pessoas estão meio desprotegidas. Eu não me sinto confortável”, conta a professora Maria*.

Para Antônio* ninguém está livre de ser ‘romântico’, e de amar alguém além do desejo. “Machismo é anacronismo; já moral religiosa (quando bem dosada) é saudável e predispõe a um relacionamento mais decente. Ir ‘aos finalmentes’ só por ‘obrigação’ é burrice e não leva a nada permanente. É como uma barbarização ditada por modismos. Antiquado ou não, prefiro pensar no ‘outro’ com os mesmos direitos que eu, isto é, ninguém gosta de ser usado”.

Quem xaveca mais: o homem ou a mulher? Existe idade para paquerar?

“O homem xaveca, a mulher é xavecada, desde que o mundo é mundo é assim. Claro, há exceções, mas são raras. A mulher seduz, atrai o homem, mas a abordagem é quase sempre masculina. A minha fase com maior disposição para o xaveco foi entre os 18 e 28 anos. Mas isso está longe de ser uma regra, há homens que se descobrem xavequeiros aos 50. Eu mesmo, com 33, posso ainda viver esta fase de novo. Continuo xavecando a minha namorada. É bom manter sempre a chama acesa. Ainda que teoricamente a juventude, com suas necessidades de descobertas, seja a fase mais propícia para o xaveco”, afirma Rampazzo.

Antônio* discorda: “Ué, e tem fase pra xavecar…? Idade ideal pra sentir atraído por alguém? Isso não existe! Pra mim, só interessa saber se a pessoa se sente viva. Quem sabe xavecar melhor são pessoas abertas aos relacionamentos mais plenos, não importa o sexo. Homens e mulheres com essa visão da vida xavecam mais. Sinceramente, não sei em que época as pessoas começaram a não ter mais vergonha de paquerar. E se o feminismo, a chamada liberdade sexual, a massificação do erotismo, e outros fatores influenciaram a ‘arte de xavecar’. Tudo faz parte de um contexto coletivo. É como a atual onda de aceitação da ‘não-privacidade’ (???); passa-se para um padrão de conduta diferente, mas não necessariamente imoral, obsceno. Apenas – no caso da paquera – mais aberto”.

Para Maria* os mais ‘xavequeiros’ ainda são os homens, pois fazem isso muito bem quando querem. “Acredito que eles sejam mais ‘descolados’, e até mais infantis, e menos críticos, por isso, fazem as melhores cantadas”.

“Você vem sempre aqui?”

“Eu estava num bar com minha amiga. Ela me disse que tinha um rapaz olhando insistentemente para ela. Mas estava confusa, porque o cara fazia sinais que ela não entendia. Ao sair do bar; um amigo me disse que eu havia sido muito antipática com aquele cara que ficou a noite toda pedindo para minha amiga me chamar, e eu nem ‘dei bola’. Quando eu contei que pensei que ele estava fazendo sinais para minha amiga e não para mim, o meu ‘paquera’ voltou para o bar e… Bom, tive dois filhos com ele”.

“Faz tempo que de descobri o jeito mais fácil, direto e legal de paquerar alguém: jamais usar a minha deficiência física como ‘propaganda’. Minha estratégia é simples: abro o jogo e corro os riscos”, confessa Antônio*.

“Tenho deficiência visual, por isso a tendência pode ser mais passiva. Porém, já utilizei muitas táticas: passar perto fingindo não estar ‘vendo’ a pessoa e, se possível, dar um esbarrão ou um tropeço bem na hora certa. Ter amigas que funcionam como cúmplices e ‘áudio descritoras’ das paqueras é ótimo, assim, podemos planejar o momento e abordagem ideal… Agora, sobre as artimanhas, não posso contar o ‘pulo do gato”, confessa Maria*.

E se mesmo depois de ler todos os manuais, e ouvir os conselhos dos seus amigos; você ainda não sabe como passar um xaveco sem ser chato, ou receber uma cantada e não saber o que dizer; não se ache a ‘última pessoa do mundo’, pois o psicólogo Puhlmann explica que a paquera descompromissada é um jogo gostoso, de sorrisos, olhares meigos, elogios e papo descontraído. Não é algo ameaçador. E com o tempo e a intimidade pode evoluir para um relacionamento. “Aí surge a vontade do aconchego; o bate-papo em lugares românticos; o passeio de mãos dadas; as pequenas viagens; o encontro com os amigos antigos e novos de ambos… E tudo pode acontecer…”





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