HIV

Transmissão sexual

A transmissão sexual é responsável por 75 a 85% de todos os casos de. Entre as infecções novas pelo HIV, as relações sexuais são a forma de transmissão em mais de 90% dos casos.

No início dos anos 80, a epidemia afetava principalmente homo/bissexuais masculinos. Nos anos 90, a transmissão heterossexual tem sido responsável pela grande maioria dos casos de AIDS descritos em vários países. Em 1983, no Brasil, para cada caso novo de AIDS em mulher havia 17 casos novos em homens, enquanto que em 1998 esta relação era de 1 mulher:2 homens.

O risco de transmissão do vírus ocorre tanto em relações homossexuais quanto em relações heterossexuais, tanto do homem para a mulher quanto da mulher para o homem. A chance de aquisição por cada episódio de exposição varia de aproximadamente 0,2 em 1.000 até 5 em 1.000, se a exposição for da mulher a um parceiro infectado, em torno de 0,5 em 1.000 para 8 em 1.000 se a exposição for do homem a uma parceira identificada e de 1 em 1.000 a 10 em 1.000 em homens que praticam sexo com homens.

O risco de transmissão sexual do HIV aumenta muito quando também existe uma outra doença sexualmente transmissível. As práticas de "sexo mais seguro" devem ser abertamente discutidas entre os parceiros para a prevenção da infecção pelo HIV, assim como para a prevenção de outras doenças sexualmente transmissíveis.



Sexo Oral – Há risco de transmissão do HIV ?

A transmissão pode ocorrer. Há risco de infecção pelo HIV em toda forma de relação sexual em que haja troca de fluidos corporais. Entretanto, é difícil saber a determinação exata deste risco e estudar esta forma de transmissão isoladamente. O risco é maior quando existem feridas ou processo inflamatório na boca que facilitem a contaminação (gengivites, estomatites – aftas); há sangue misturado às secreções genitais como na menstruação, por exemplo; ocorre ejaculação na boca (o líquido pré-seminal, embora em menor quantidade, também contém o vírus) e quando existem úlceras (feridas) na região genital causadas por doenças sexualmente transmissíveis.

Existem casos de transmissão do HIV pela prática de sexo oral em homens infectados pelo HIV (boca/pênis). O risco é maior quando há ejaculação dentro da boca. Apesar de ser muito inferior em relação a situações de transmissão por relações anais e vaginais, o risco de transmissão do HIV no sexo oral existe.

O risco de sexo oral com mulheres infectadas pelo HIV (boca-vagina) e o risco de sexo oral boca/ânus são teóricos. O risco de transmissão em homens e mulheres que tem os genitais estimulados pela boca de outra pessoa infectada pelo HIV, também é teórico. Risco teórico significa que não existem casos que comprovadamente tenham sido causados por esta forma de transmissão, entretanto, há possibilidade de que a transmissão possa ocorrer.

Através do sexo oral, também existe a possibilidade de transmissão de outras doenças sexualmente transmissíveis como faringite (infecções na garganta) por gonococo ou clamídia, herpes vírus, úlceras (feridas) na boca por sífilis ou estomatite por Candida.



Transmissão Homem – Mulher.

Esta forma de transmissão tem sido responsável por grande parte dos novos casos de infecção pelo HIV. Isto se deve ao fato das pessoas não se considerarem como "de risco" para a infecção, o que é um grave engano.

Apesar do risco de transmissão do vírus ser maior do homem para a mulher, também existe um risco importante de um homem se contaminar com uma mulher infectada. O vírus é encontrado nas secreções genitais femininas e masculinas, incluindo o líquido pré-seminal (antes da ejaculação) .

As principais formas de transmissão do vírus para as mulheres são: as relações sexuais vaginais e pelo ânus sem o uso de preservativos. A mucosa do ânus é mais frágil que a da vagina permitindo uma maior possibilidade de ocorrerem pequenos traumas e sangramentos e, portanto, maior chance de transmissão do vírus. Mesmo em relações sexuais sem penetração, existe a possibilidade de se contaminar. Para os homens, o risco de transmissão do vírus também envolve relações anais e vaginais sem preservativos. Este risco é maior quando o homem tem relações com uma mulher no período menstrual.



Transmissão entre Homens.

No início da epidemia, predominavam os casos de AIDS entre homo e bissexuais masculinos. Com o melhor conhecimento e conscientização, homens que fazem sexo com homens passaram a se prevenir, principalmente com o uso de preservativos em todas as relações sexuais. Desta maneira, o número de homens contaminados diminuiu muito ao longo do últimos anos. Um novo aumento do número de infecções pelo HIV entre os grupos de jovens tem ocorrido em alguns países pela falta do uso de preservativos.

As principais formas de transmissão são as relações anais receptivas ("passivas"), sem o uso de preservativos. As relações anais insertivas ("ativas") também podem transmitir o HIV, apesar de apresentarem um risco menor. Mesmo sem ejaculação, o risco de se contaminar existe.

O uso de álcool, sabões, detergentes ou cremes nas lavagens ou duchas retais deve ser evitado. Estas substâncias podem irritar e fragilizar a mucosa do reto e do ânus e aumentar o risco de transmissão do HIV. Apenas a água deve ser utilizada. As lavagens e as duchas não devem ser realizadas imediatamente antes de uma relação sexual, também pela chance de fragilizar a mucosa do ânus e do reto.



Transmissão entre Mulheres.

Existem 2 relatos em que a transmissão do HIV provavelmente ocorreu em relações sexuais entre mulheres. Isto se deve ao fato de haver possibilidade de exposição a secreções vaginais ou cervicais infectadas, ou mesmo sangue nos casos de menstruação ou de pequenos traumatismos. Quando utilizados nas relações, objetos (como os consolos) que tenham tido contato com secreções genitais não devem ser compartilhados entre as parceiras sem adequada limpeza. Uma outra opção é o uso de camisinha, trocando-a quando for utilizado na outra mulher.



O preservativo masculino é 100% eficaz ?

Há muita discussão questionando se a camisinha é 100% eficaz em prevenir a transmissão do HIV. A possibilidade de passagem do vírus por poros do preservativo também é sempre discutida. Os estudos realizados demonstram que o esperma e o vírus HIV não passam por preservativos de látex intactos. A grande maioria dos casos de falha do preservativo estão relacionados ao seu uso de forma errada. Em outras situações, o problema está relacionado ao "esquecimento ocasional" do uso de preservativo, que deve ser sempre utilizado em todas as relações sexuais. Nas relações sexuais, o mais importante é que usar o preservativo é 10.000 vezes mais seguro do que não usar. E isto também já foi comprovado em diferentes estudos. Para as pessoas que não consideram a abstinência sexual como opção, o uso de camisinha e a prática de "sexo mais seguro" são importantes formas de prevenção da transmissão do HIV. A possibilidade de ter menos medo ou preocupações de se contaminar com o HIV permite que se tenha mais prazer nas relações sexuais.

Deve-se utilizar, de preferência, preservativos já lubrificados. Quando não é utilizado preservativo lubrificado ou quando se deseja aumentar a lubrificação, são recomendados lubrificantes solúveis em água (como K-Y ou Preserv-gel, por exemplo) que permitem a sensação de umidade sem comprometer a qualidade da camisinha. Lubrificantes à base de óleo como a vaselina, cremes e etc. não devem ser utilizados. Saliva e esperma também devem ser evitados.

O uso de nonoxynol-9, um espermicida, tem sido recomendado por ter uma atuação comprovada contra o vírus HIV e outros agentes infecciosos de doenças sexualmente transmissíveis. Esta substância, no entanto, pode causar irritação em algumas pessoas, e quando isto ocorrer, deve-se evitar o seu uso.



Algumas dicas sobre o uso correto da camisinha:

Não se deve abrir a embalagem do preservativo de qualquer maneira, pois pode rasgar a camisinha. Deve-se abrir apenas um lado, de uma extremidade a outra.
Deve-se retirar o ar da extremidade da camisinha, pressionando com a ponta dos dedos. Isto dará espaço para o esperma depois da ejaculação, evitando que a camisinha se rompa.
O preservativo só deve ser colocado com o pênis em ereção.
Depois da ejaculação, o preservativo deve ser retirado com o pênis ainda ereto, segurando-o pela base e evitando que o esperma derrame.
A camisinha não deve ser reaproveitada.


O preservativo feminino.

O preservativo feminino é transparente e flexível em formato de um tubo que, quando inserido na vagina, recobre toda a sua mucosa, impedindo a troca de secreções entre os parceiros. É pré-lubrificado e descartável. Previne contra AIDS/DST e a gravidez não desejada.

Está disponível comercialmente em vários países. No Brasil, o Ministério da saúde autorizou a sua comercialização em dezembro de 1997. Atualmente estão sendo realizadas pesquisas em diferentes cidades brasileiras para avaliar a sua aceitabilidade.

Em pesquisas recentes, foram consideradas as seguintes vantagens: ser confortável, conferir autonomia para a mulher, ser de fácil manuseio e ser prático por poder ser colocado antes da relação (ao contrário do preservativo masculino que deve ser colocado após a ereção). As desvantagens apresentadas foram: o preço elevado, o medo e a insegurança durante o seu manuseio, a dificuldade na colocação, a interferência na estética e o barulho provocado durante a relação.

O uso de diafragma associado ao espermicida, que é uma opção para não engravidar, não é suficiente para prevenir a infecção pelo HIV, já que parte da vagina e a genitália ficam desprotegidas.



Outras doenças sexualmente transmissíveis e o HIV.

O risco de transmissão sexual do HIV aumenta muito quando também existe uma outra doença sexualmente transmissível.

Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) ou doenças venéreas são aquelas que se transmitem através do sexo, como a gonorréia, a sífilis, as infecções por clamídia, o condiloma acuminado e o herpes.

Verrugas, corrimentos, feridas e coceiras na vagina ou no pênis podem indicar a presença de uma DST. Muitas vezes estes sinais não aparecem ou surgem e rapidamente desaparecem. Mesmo que tenham desaparecido os sintomas, a doença permanece presente se não for tratada.



Beijo na boca pode transmitir o vírus ?

A epidemia de AIDS já tem quase duas décadas e as formas de transmissão do vírus são bem conhecidas. Não há nenhuma comprovação de transmissão do HIV pelo beijo. Mesmo um beijo na boca, prolongado e "profundo". É verdade que o vírus pode ser encontrado na saliva, mas isto não é tão comum, mesmo em pacientes com HIV/AIDS com doença periodontal. Além disso, a saliva é capaz de inibir a infectividade do vírus HIV.

Existe um único trabalho que aventou esta hipótese de transmissão do vírus. Foi descrito nos Estados Unidos em 1998, onde a parceira de um homem infectado pelo HIV se contaminou sem que a forma de transmissão tenha ficado clara. O casal tinha relações vaginais com o uso de preservativos, não praticavam sexo anal, haviam praticado sexo oral numa única vez e tinham relações sempre após a escovação dos dentes. Ambos tinham sangramento causado por gengivites, dentes sem boas condições e a mulher também tinha periodontite. Existe a possibilidade da transmissão do vírus ter se dado pelo contato com a mucosa da boca e pela presença de lesão nas gengivas e sangramentos.



Masturbação - Há risco de contaminação pelo HIV?

Não há risco de transmissão do vírus pela prática de masturbação. O vírus não é transmitido pelo contato de secreções genitais com a pele. Nas situações em que não haja troca de fluidos corporais, não há risco de infecção pelo HIV.

A descoberta de maneiras novas e diferentes de ter prazer sexual devem ser estimuladas com práticas eróticas que descubram outras regiões do corpo além das genitais e que evitem o contato das secreções genitais entre os parceiros.



Transmissão entre usuários de drogas injetáveis (UDI).

Em muitos locais, a transmissão do HIV se disseminou rapidamente entre os usuários de drogas injetáveis por desconhecimento da doença no início da epidemia e pelos mecanismos de rápida transmissão através do compartilhamento de seringas, agulhas e outros objetos. Em alguns locais, até 40% dos usuários de drogas injetáveis são infectados pelo HIV. No Brasil, a transmissão do HIV por uso de drogas injetáveis é responsável por 16% dos casos de AIDS notificados ao Ministério da Saúde.

Para verificar se a agulha está mesmo dentro da veia, o sangue se mistura com a droga dentro da seringa. Se esta mesma seringa ou agulha for utilizada em um outro usuário sem prévia desinfecção, a microtransfusão resultante é bastante eficaz na transmissão do vírus.

Como muitas vezes não é possível a interrupção do uso das drogas, recomenda-se a utilização de agulhas e seringas descartáveis, não compartilhadas com outras pessoas. Caso esta medida também não seja possível, recomenda-se a desinfecção de agulhas e seringas com hipoclorito de sódio (água sanitária).

Mesmo com o uso de drogas não injetáveis (drogas psicoativas, bebidas alcóolicas etc...), o risco de exposição ao HIV também existe. Isto ocorre já que, pela ação destas drogas no comportamento das pessoas, podem ser comuns as práticas sexuais de risco como, por exemplo, o esquecimento do uso do preservativo.



Transfusão de sangue e hemoderivados.

No início da epidemia, sangue e seus derivados eram responsáveis por uma grande parte dos casos de transmissão do HIV. A maioria dos casos descritos foram em pessoas que receberam sangue ou seus derivados não testados, porque ainda não existiam testes específicos para o vírus. Com a testagem de rotina em bancos de sangue a partir de 1985 e o aconselhamento adequado dos doadores, o número de casos de AIDS transmitidos por hemotransfusões diminuiu de forma bastante significativa. Atualmente, estima-se que a possibilidade da pessoa se contaminar por receber transfusão de sangue é extremamente baixa, de 1:350.000 a 1:600.000. Apesar do sangue ter sido testado e ter dado um resultado resultado negativo, o doador poderia estar na "janela imunológica" da infecção pelo HIV levando a uma possibilidade remota de um sangue testado conter o vírus. Testes cada vez melhores e mais sensíveis têm sido desenvolvidos nos últimos anos na tentativa de detecção precoce da infecção pelo HIV, evitando esta possibilidade.

Sempre que possível, tem se recomendado a utilização de sangue autólogos (do próprio paciente) ou de derivados substitutivos desenvolvidos por engenharia genética. Isto é importante pela possibilidade de prevenção não só do vírus HIV como também de outros agentes infecciosos transmitidos por transfusão de sangue.

A DOAÇÃO DE SANGUE NÃO TRAZ NENHUM RISCO DE TRANSMISSÃO DO VÍRUS
para o doador, sendo sempre utilizado material estéril e descartável na coleta de sangue.



Acidente de trabalho em profissionais de saúde.

Os profissionais que atuam na área da saúde estão expostos a sangue e outros fluidos corporais na assistência a pacientes. O risco médio de se adquirir o HIV nestas situações é de, aproximadamente, 0,3% após exposição percutânea (qualquer exposição que perfure ou provoque um corte na pele), e de 0,09 % após exposição mucocutânea (em olhos, principalmente). O risco de se contaminar com outros agentes infecciosos, como o vírus da hepatite B, por exemplo, é muito maior. Neste sentido, todas as medidas de prevenção (Precauções Básicas) devem ser utilizadas na assistência de qualquer paciente quando há manipulação de sangue, secreções e excreções, assim como no contato com mucosas e pele com áreas de integridade comprometida.

O primeiro caso de transmissão do HIV para um profissional de saúde, relacionado a acidente de trabalho, foi descrito em 1984. Desde o início da epidemia da AIDS, foram reconhecidos em todo o mundo, 95 casos comprovados e 191 casos prováveis de contaminação de profissionais de saúde pelo HIV.

Um estudo publicado em 1995 demonstrou que usar o AZT após acidente de trabalho com material infectado pelo HIV pode diminuir a chance do profissional se contaminar. A partir de 1996, passou a ser recomendado o uso de medicamentos anti-retrovirais ("coquetel") para profissionais de saúde quando estes se acidentam e se expõem ao vírus HIV. Os acidentes de trabalho com sangue e outros fluidos potencialmente contaminados devem ser tratados rapidamente, uma vez que, para atingir maior eficácia, as intervenções para evitar a contaminação necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente.



Tatuagens, piercing, acupuntura, injeções e outros.

Em pessoas que se submetem a práticas que causem ferimentos corporais, com instrumentos perfurantes ou cortantes, a possibilidade de transmissão do HIV ocorre somente quando estes instrumentos são utilizados por várias pessoas e não são esterilizados. A recomendação correta é a utilização de material de uso individual, ou na sua impossibilidade, de materiais esterilizados após o uso em cada indivíduo.

No caso de piercings, deve se considerar também que antes do momento em que haja completa cicatrização da região em que foi colocado, existe a possibilidade de contato com secreções corporais e áreas de pele não íntegra. Piercings colocados em regiões genitais podem provocar maior possibilidade de atrito, havendo a possibilidade de ocorrer pequenas lesões e sangramentos durante a relação sexual.



Transmissão vertical (Mãe-Filho).

De 30 milhões de pessoas vivendo com HIV/AIDS no mundo, aproximadamente 14 milhões são mulheres. Dos 6 milhões de novos casos de infecção pelo HIV ocorridos no ano de 1998, mais de 2 milhões ocorreram na população feminina. No Brasil, até o final do ano de 1998, foram notificados mais de 30.000 casos de AIDS entre as mulheres. A principal forma de transmissão destas infecções ocorreu a partir de relações heterossexuais.

O crescimento de casos de AIDS na população feminina, especialmente em mulheres em idade fértil, tem resultado no aumento dos casos de AIDS em crianças adquiridos através da transmissão vertical, ou seja, da mãe infectada para o filho. No Brasil, o primeiro caso de transmissão vertical foi descrito em 1985 no estado de São Paulo e desde então, o número de casos associados a esta categoria de transmissão vem aumentando ano a ano. Entre os casos pediátricos, a transmissão perinatal correspondia a cerca de 25% no período de 1984 a 1987. A partir de 1994, 90% dos casos de AIDS ocorridos em crianças estão relacionados à transmissão do vírus da mãe infectada para o seu filho.

Estudos feitos no Brasil que avaliaram o teste anti-HIV nas mulheres grávidas ou puérperas, mostraram que os resultados eram positivos em 1% (até 3 a 4%) das mulheres testadas.

A chance de uma criança com mãe soropositiva se contaminar com o vírus (taxa de transmissão vertical do HIV) varia entre 12-40% nos diversos países. Em 1994, foram publicados os resultados de um estudo (o Protocolo 076), demonstrando que quando as gestantes infectadas pelo vírus e o bebê destas mães tomavam o AZT, a chance do recém-nascido se contaminar com o HIV diminuía em 2/3. A partir de então, o uso do AZT passou a ser uma recomendação para todas as gestantes infectadas pelo HIV. Após a recomendação de cuidados no momento do parto e o uso de medicamentos contra o vírus na mulher grávida soropositiva, as taxas de transmissão vertical em diferentes países (inclusive no Brasil) têm diminuído dramaticamente para taxas inferiores a 5%, ou seja, a chance da criança não se contaminar com o vírus é maior que 95%.Outros esquemas de medicamentos anti-retrovirais ("coquetel") podem ser necessários nas mulheres grávidas infectadas pelo vírus. Uma discussão detalhada dos riscos e dos benefícios destes esquemas de medicamentos deve ser discutido clara e amplamente com a gestante durante o pré-natal.

O momento da transmissão do vírus pode ocorrer durante os 9 meses da gestação, no momento do parto ou durante a amamentação. A transmissão ocorre em 70-80% nas últimas semanas da gestação, durante o trabalho de parto e o parto. Em cerca de 30% dos casos, a transmissão se dá no intra-útero. Mesmo com uma transmissão intra-útero relativamente baixa, é comum haver infecção da placenta. A placenta funciona, portanto, como uma importante proteção do feto. O controle da passagem do HIV através da placenta envolve vários mecanismos de regulação. O risco de transmissão do HIV pelo aleitamento materno é de 14%, chegando a 29% das mães que se infectam com o HIV após o parto.

A possibilidade de fazer o teste anti-HIV deve oferecida a todas as gestantes no pré-natal. A identificação de testes positivos vai trazer benefícios não só pela possibilidade de prevenir um grande número de crianças infectadas pelo vírus, mas também por permitir uma melhor assistência a mulher infectada que, quando identificada precocemente, passa a ter benefício do início do tratamento específico da infecção pelo HIV.



Outras formas de transmissão: Inseminação artificial. [voltar]

A partir da inseminação de sêmen contaminado, existe a possibilidade de infecção pelo HIV em mulheres que tenham sido submetidas a esta tentativa de engravidar. Cinco dos sete casos descritos nos Estados Unidos, por exemplo, foram detectados após a investigação de 199 mulheres que receberam inseminação artificial com sêmen de cinco doadores infectados pelo vírus HIV.

A imensa maioria dos casos descritos ocorreram antes da recomendação de realizar teste anti-HIV de rotina em todos os doadores de sêmen.



Outras formas de transmissão: Receptores de transplantes de órgãos.

A possibilidade de contaminação a partir de um órgão transplantado ocorre quando o doador deste órgão (que esteja vivo ou que tenha morrido) tem a infecção pelo HIV/AIDS. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem relatos de 41 casos desta categoria de transmissão. Desde 1985, quando foi iniciada a testagem de rotina dos doadores, foram relatados 10 casos; sete deles a partir de um único doador.

A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS NÃO TRAZ NENHUM RISCO DE TRANSMISSÃO DO HIV PARA O DOADOR.






Convívio social e domiciliar.

O vírus HIV não se transmite pelo contato cotidiano, social ou domiciliar. As únicas formas de transmissão do vírus já foram discutidas no texto acima e são as relações sexuais com uma pessoa infectada pelo HIV sem o uso de preservativos; o uso de drogas injetáveis compartilhando seringas e agulhas; da mãe para o filho durante a gravidez e por transfusão de sangue contaminado.

É preciso ter clareza de que o HIV não se transmite pelo contato da pele; pela respiração; por tosse ou espirro; por alimentos; pelo uso coletivo de pratos, talheres e copos; pelo uso de sabonetes ou roupas; pelos assentos de vasos sanitários.

Uma pessoa com HIV/AIDS pode cozinhar para os outros sem nenhuma restrição. Os talheres e pratos utilizados não devem ser separados e estes objetos devem ser lavados normalmente, com sabão ou detergente.

As roupas usadas devem ser lavadas como as de todo mundo.

A lâmina de barbear e a escova de dentes são os únicos objetos que não devem ser compartilhados com outras pessoas.

Existem alguns cuidados que são recomendados na assistência dos pacientes em casa que são:

ter atenção ao manipular as agulhas de medicações utilizadas, não devendo ser reencapadas, quebradas ou dobradas. Estas agulhas devem ser colocadas em um recipiente resistente, como uma lata de leite em pó, por exemplo, contendo uma quantidade de água sanitária.
jogar no vaso sanitário todos os dejetos líquidos que contenham sangue. Fraldas, absorventes e gazes que contenham sangue devem ser colocados em sacos plásticos resistentes e jogados no lixo.
utilizar luvas quando tiver contato com sangue do paciente. Mas é bom lembrar que não existe nenhum caso de AIDS que tenha ocorrido contato de sangue com a pele sã e íntegra.
Todas estas orientações devem ser discutidas com os profissionais que prestam assistência ao paciente.



Picada de mosquito não transmite o vírus !!!

O mosquito não transmite o HIV. O mosquito pica através pele para ter acesso ao sangue e sugá-lo, mas ele não injeta sangue de uma outra pessoa na picada. Os mosquitos injetam saliva e é ela que causa a coceira no lugar da picada. O HIV não chega nas glândulas salivares e a quantidade de vírus no mosquito é insuficiente para infectar. Além disso, os mosquitos podem demorar dias entre a picada de um indivíduo até a sua próxima picada. Como o HIV não vive muito tempo fora do organismo do paciente, o vírus acaba não sobrevivendo no intervalo de dias entre as picadas.

Há insetos que servem como vetores de microorganismos de determinadas infecções, como a dengue e a malária, por exemplo. Eles são necessários ao ciclo natural destas infecções. Não é o caso do HIV, nem de outras doenças com o sarampo a gripe, que não são transmitido por mosquitos nem por outros insetos.



Outras informações úteis.

A AIDS é uma doença que afeta o sistema de defesa do organismo, o que torna o paciente incapaz de controlar adequadamente a infecção pelo vírus HIV, facilitando o risco de adquirir doenças e infecções oportunistas.

Nas primeiras semanas após a pessoa se infectar, o teste quase sempre é negativo. Isso porque, só após um período mínimo de 6 a 12 semanas é que o organismo da pessoa tem anticorpos contra o vírus em quantidade suficiente para a sua detecção, e aí o resultado do teste é positivo. Este período é chamado de "janela imunológica", no qual o paciente tem o vírus mas o resultado do teste anti-HIV ainda é negativo.

A grande maioria das pessoas que se infecta com o vírus passa vários anos sem sentir nada. Este período em que ocorre a infecção até o aparecimento de algum sintoma da doença dura, em média, 10 a 12 anos. Neste período, o HIV pode estar presente no organismo da pessoa, sem que ela e nenhum de seus parceiros suspeitem disso.

À medida que haja maior alteração da imunidade da pessoa infectada, podem ocorrer alguns sintomas como candidíase oral ("sapinho") e vaginal, febre constante, emagrecimento, diarréia prolongada e tosse persistente, bem como podem aparecer as doenças oportunistas. Muitos destes sinais e sintomas podem aparecer e são comuns também em outras doenças, não sendo possível afirmar que a pessoa esteja ou não infectada pelo HIV baseando-se somente nestes dados. O paciente deverá ser avaliado em algum serviço de saúde. Será a avaliação pelo médico e a realização de alguns exames que vão permitir o diagnóstico da infecção pelo HIV e o início do tratamento adequado.

A utilização de uma combinação de medicamentos contra o vírus (medicamentos anti-retrovirais – "coquetel") tem permitido um importante e melhor controle da infecção pelo HIV, evitando o aparecimento das doenças oportunistas. Muitas vezes o vírus deixa de ser detectado no sangue, mas isto não significa cura da doença. O vírus continua presente em outros locais do organismo, como, por exemplo, nos gânglios. De qualquer forma, em quase 20 anos de epidemia, importantes avanços foram encontrados em relação a abordagem da infecção pelo HIV/AIDS, permitindo uma melhoria significativa na vida dos pacientes infectados.

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