Fecundação

O principal objetivo do sexo é unir o espermatozóide e o óvulo (é a fertilização) para formar um bebê. Em muitos seres vivos, a fecundação ocorre fora do corpo. Por exemplo, na maioria dos peixes e anfíbios, as fêmeas colocam os óvulos em algum lugar (normalmente no mar/leito do rio), o macho se aproxima e solta os espermatozóides - desta forma ocorre a fecundação externa.

Em répteis e mamíferos (inclusive seres humanos), a fecundação ocorre dentro do corpo da fêmea (fecundação interna). Esta técnica aumenta as chances de sucesso na reprodução. Pelo fato de usarmos fecundação interna, nossos órgãos sexuais são específicos para este fim.

Os órgãos sexuais masculinos

Olhando de fora, o homem tem dois órgãos sexuais perceptíveis, os testículos e o pênis. Os testículos são os principais órgãos sexuais masculinos - e eles produzem espermatozóides e testosterona. O espermatozóide é a célula sexual masculina (gameta). Testosterona é o hormônio responsável pelas características sexuais secundárias masculinas, como pêlos faciais e pubianos, cordas vocais grossas e músculos desenvolvidos.

Os testículos ficam na parte externa da região principal do corpo masculino, em uma bolsa chamada de escroto. Esta localização é importante, porque para os espermatozóides se desenvolverem corretamente eles devem ficar a uma temperatura um pouco mais baixa (entre 35 e 36º C) do que a temperatura normal do corpo (36,5º C).

O espermatozóide imaturo vai dos testículos até um tubo em espiral na superfície externa de cada um, chamado de epidídimo, onde amadurece em aproximadamente 20 dias. Ele sai do corpo através do pênis.

O pênis é feito de tecido macio e esponjoso. Quando cheio de sangue durante a excitação e relação sexual, o tecido esponjoso endurece e faz com ele fique ereto, o que é importante para sua principal função: colocar o espermatozóide dentro da mulher.









Liberação de espermatozóides

Conforme dito antes, os espermatozóides são produzidos nos testículos. Durante a relação sexual, músculos lisos se contraem e lançam espermatozóides maduros da extremidade do epidídimo através de um tubo longo (canal ou duto deferente) localizado dentro do corpo, bem embaixo da bexiga. A partir daí, os espermatozóides se misturam aos fluidos cheios de nutrientes da vesícula seminal e a uma secreção leitosa da próstata. A combinação de espermatozóides e fluídos é chamada de sêmen. O sêmen faz três coisas:

· proporciona um ambiente aquoso no qual os espermatozóides podem nadar quando saem do corpo

· fornece nutrientes para os espermatozóides (frutose, aminoácidos,vitamina C)

· protege os espermatozóides, neutralizando os ácidos presentes nos órgãos sexuais femininos

Uma vez que o sêmen é produzido, ele passa por outro tubo (uretra) dentro do pênis, saindo do corpo através da abertura do pênis.

Um último órgão masculino é um conjunto bem pequeno de glândulas, do tamanho de ervilhas, localizadas dentro do corpo, na base do pênis, chamadas de glândulas bulbouretrais ou glândulas de Cowper. Durante a excitação sexual, um pouquinho antes da ejeção do esperma (ejaculação), as glândulas de Cowper liberam uma quantidade minúscula de líquido que neutraliza qualquer sinal de acidez provocada pela urina que possa ter ficado na uretra. Estas secreções servem para lubrificar o pênis e os órgãos sexuais femininos durante a relação sexual.

Os órgãos sexuais femininos

Todos os órgãos sexuais femininos - exceto a vulva - estão localizados dentro do corpo. A vulva consiste de dois conjuntos de pele dobrada (grandes lábios, pequenos lábios) que cobrem a abertura dos órgãos sexuais femininos e uma pequena saliência de tecido sensível e erétil (clitóris), que é o que restou do pênis fetal (leia na próxima página).

Os dois ovários são os maiores órgãos sexuais femininos, o equivalente aos testículos. Os ovários produzem os óvulos, ou ovócitos, que são os gametas femininos e produz estrogênio, o hormônio sexual feminino. O estrogênio é responsável pelas características sexuais secundárias femininas, como pêlos pubianos, desenvolvimento dos seios, alargamento da bacia e depósito de gordura nos quadris e coxas. Os ovários estão localizados no abdômen.












Os óvulos se desenvolvem dentro do ovário e são liberados pela ovulação dentro de uma espécie de tubo (o oviduto ou trompas de Falópio) revestido de projeções parecidas com dedos. Os óvulos passam pelas trompas de Falópio, onde ocorre a fecundação, indo para uma câmara de músculos chamada de útero.

O útero é onde o bebê se desenvolve. É composto por uma musculatura lisa e é, normalmente, do tamanho e formato de uma pêra pequena de ponta cabeça. Durante a gravidez, ele estica até o tamanho de uma bola de basquete para alojar o bebê em desenvolvimento. A base do útero (pescoço da pêra) é uma parede muscular chamada de cérvix ou colo do útero. Na cérvix, há uma minúscula abertura, mais ou menos do tamanho de uma cabeça de alfinete, chamada de orifício externo. O orifício externo é cheio de proteína (muco) que serve como barreira na entrada do útero. A cérvix leva a outro tubo muscular de músculo liso chamado de vagina, ou canal vaginal.

A vagina conecta o útero ao exterior do corpo, e sua abertura é coberta pelos grandes lábios. Recebe o pênis durante a relação sexual e é por onde sai o bebê durante o nascimento. É normalmente estreita (exceto ao redor do cérvix), mas pode esticar durante a relação sexual e o parto.

Finalmente, dois conjuntos de glândulas, a glândula vestibular maior (glândula de Bartholin) e a glândula vestibular menor, estão localizadas em ambos os lados da vagina e drenam sua secreção nos grandes lábios. As secreções destas glândulas lubrificam as dobras labiais durante a excitação e a relação sexual.

Desenvolvimento dos órgãos sexuais

Assim que começamos a nos desenvolver, temos dois conjuntos de órgãos: um que pode se desenvolver e dar origem aos órgãos sexuais femininos (dutos de Müller) e um que pode se desenvolver e dar origem aos órgãos sexuais masculinos (dutos de Wolff). O tipo de órgão sexual a ser desenvolvido depende da presença do hormônio masculino testosterona (em seres humanos, o sexo padrão é o feminino):

· se o embrião for masculino (cromossomos XY), a testosterona estimula o duto de Wolff a desenvolver os órgãos sexuais masculinos e o duto mülleriano desaparece;

· se o embrião for feminino (XX), não há produção de testosterona. O duto de Wolff desaparece, e o duto de Müller se transforma em órgãos sexuais femininos. O clitóris é o que restou do duto de Wolff.

· se o embrião for masculino (XY), mas houver algum defeito que não permita a produção de testosterona, o duto de Wolff desaparece, e o duto de Müller se transforma em órgãos sexuais femininos inativos. Neste caso, tem-se o intersexo, ou sexo intermediário. São muitos os tipos de intersexo, e são subdivididos de acordo com o genótipo e o fenótipo que apresentam, e o funcionamento ou não da glândula sexual (hermafroditismo verdadeiro, pseudohermafroditismo masculino, pseudohermafroditismo feminino, Síndrome de Turner, Síndrome de Kleinefelter e outros).

O desenvolvimento dos órgãos sexuais ocorre até o terceiro mês de desenvolvimento


Outros órgãos relacionados ao sexo

Embora não estejam localizados nos aparelhos reprodutores, dois outros órgãos são importantes para as funções sexuais em homens e mulheres:

  • o hipotálamo, no cérebro - o hipotálamo tem células nervosas que liberam um hormônio chamado de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) nos vasos sangüíneos que levam à glândula hipófise;
  • a glândula hipófise fica logo abaixo do cérebro - o hormônio liberador de gonadotrofina faz com que as células pituitárias liberem dois hormônios, hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH), na circulação sangüínea. LH e FSH agem nos testículos/ovários para estimular a produção e o amadurecimento das células sexuais e a produção de hormônios sexuais (testosterona, estrogênio, progesterona).

A cada 90 minutos, as células nervosas liberam pequenas quantidades de GnRH, fazendo com que a hipófise libere pequenas quantidades de LH e FSH. Os hormônios sexuais dos testículos/ovários se comunicam com o hipotálamo e a glândula hipófise para regular a secreção de GnRH, LH e FSH. Esta interação é chamada de sistema de retroalimentação negativa (feedback negativo). A interação química entre o hipotálamo, a glândula hipófise e os testículos/ovários é importante para o desenvolvimento sexual, mantendo o funcionamento sexual e a reprodução. Um erro nesta interação química pode ser a causa da infertilidade.

Fecundação

A longa jornada até a fecundação pode durar de 12 a 48 horas, antes que os espermatozóides morram. Eles têm que atravessar a barreira da cérvix, que vai estar fluida e aquosa se a mulher tiver acabado de ovular (consideraremos que a relação ocorreu algumas horas após a ovulação).

Uma vez que os espermatozóides atravessaram o muco cervical, eles sobem pela superfície interna do útero até as trompas de Falópio (apenas uma das trompas contém um óvulo - muitos espermatozóides vão para o lugar errado). Menos de mil espermatozóides, entre milhões, conseguem chegar até as trompas.

Muitos espermatozóides ficam ao redor do óvulo na trompa. A cabeça de cada espermatozóide (acrossomo) libera enzimas que começam a quebrar a camada gelatinosa externa da membrana do óvulo, tentando penetrar nele. Assim que um único espermatozóide penetra, a membrana muda suas características elétricas (despolariza-se). Esse sinal elétrico faz com que pequenas bolsas logo abaixo da membrana (grânulos corticais) joguem seu conteúdo no espaço que rodeia o óvulo. Este conteúdo incha, empurrando os outros espermatozóides para longe do óvulo (reação cortical). Os outros espermatozóides morrem em 48 horas. A reação cortical assegura que apenas um espermatozóide fecunde o óvulo.





Foto cedida pela Georgia Reproductive Specialists
Óvulo fecundado, mostrando dois pró-núcleos começando a se dividir (esquerda) e uma célula dividida em 8 partes após 72 horas (direita)

O ovo fecundado é agora chamado de zigoto. A despolarização causada pela penetração do espermatozóide resulta em um último ciclo de divisão no núcleo do óvulo, formando um pró-núcleo contendo apenas um grupo de informação genética. Os pró-núcleos de um óvulo se misturam com o núcleo de um espermatozóide. Assim que dois pró-núcleos se unem, a divisão celular se inicia.

O zigoto em divisão é empurrado pela trompa de Falópio. Até mais ou menos quatro dias após a fecundação, o zigoto tem aproximadamente 100 células e é chamado de blástula ou blastocisto. Quando a blástula chega à parede interna do útero, flutua por uns dois dias e finalmente implanta-se na parede uterina até o sexto dia após a fecundação. Agora que está nesta posição, ele libera gonadotrofina coriônica, que sinaliza que uma gravidez se inicia.

A blástula continua a se desenvolver no útero por nove meses. Conforme o bebê vai crescendo, o útero estica até o tamanho de uma bola de basquete.

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