O QUE É HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS?

É a medida individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a propagação
das infecções relacionadas à assistência à saúde. Recentemente, o termo “lavagem
das mãos” foi substituído por “higienização das mãos” devido à maior abrangência
deste procedimento. O termo engloba a higienização simples, a higienização antiséptica,
a fricção anti-séptica e a anti-sepsia cirúrgica das mãos, que serão abordadas
mais adiante.

POR QUE FAZER?

As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a
assistência prestada aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos
microrganismos, que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de
contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies
contaminados.
A pele das mãos alberga, principalmente, duas populações de microrganismos: os
pertencentes à microbiota residente e à microbiota transitória. A microbiota residente
é constituída por microrganismos de baixa virulência, como estafilococos, corinebactérias
e micrococos, pouco associados às infecções veiculadas pelas mãos. É mais
difícil de ser removida pela higienização das mãos com água e sabão, uma vez que
coloniza as camadas mais internas da pele.
A microbiota transitória coloniza a camada mais superficial da pele, o que permite
sua remoção mecânica pela higienização das mãos com água e sabão, sendo eliminada
com mais facilidade quando se utiliza uma solução anti-séptica. É representada,
tipicamente, pelas bactérias Gram-negativas, como enterobactérias (Ex: Escherichia
coli), bactérias não fermentadoras (Ex: Pseudomonas aeruginosa), além de fungos e
vírus.
Os patógenos hospitalares mais relevantes são: Staphylococcus aureus, Staphylococcus
epidermidis, Enterococcus spp., Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella spp., Enterobacter
spp. e leveduras do gênero Candida. As infecções relacionadas à assistência
à saúde geralmente são causadas por diversos microrganismos resistentes aos antimicrobianos,
tais como S. aureus e S. epidermidis, resistentes a oxacilina/meticilina;
Enterococcus spp., resistentes a vancomicina; Enterobacteriaceae, resistentes a cefalosporinas
de 3ª geração e Pseudomonas aeruginosa, resistentes a carbapenêmicos.

As taxas de infecções e resistência microbiana aos antimicrobianos são maiores em
Unidades de Terapia Intensiva (UTI), devido a vários fatores: maior volume de trabalho,
presença de pacientes graves, tempo de internação prolongado, maior quantidade
de procedimentos invasivos e maior uso de antimicrobianos.

PARA QUE HIGIENIZAR AS MÃOS?

A higienização das mãos apresenta as seguintes finalidades:
• Remoção de sujidade, suor, oleosidade, pêlos, células descamativas e da
microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções veiculadas ao
contato.
• Prevenção e redução das infecções causadas pelas transmissões cruzadas.


QUEM DEVE HIGIENIZAR AS MÃOS?

Devem higienizar as mãos todos os profissionais que trabalham em serviços de saúde,
que mantém contato direto ou indireto com os pacientes, que atuam na manipulação
de medicamentos, alimentos e material estéril ou contaminado.


COMO FAZER? QUANDO FAZER?

As mãos dos profissionais que atuam em serviços de saúde podem ser higienizadas
utilizando-se: água e sabão, preparação alcoólica e anti-séptico.

A utilização de um determinado produto depende das indicações descritas abaixo:

USO DE ÁGUA E SABÃO
Indicação
• Quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue
e outros fluidos corporais.
• Ao iniciar o turno de trabalho.
• Após ir ao banheiro.
• Antes e depois das refeições.
•Antes de preparo de alimentos.
•Antes de preparo e manipulação de medicamentos.
• Nas situações descritas a seguir para preparação alcoólica.

USO DE PREPARAÇÃO ALCOÓLICA

Indicação
Higienizar as mãos com preparação alcoólica quando estas não estiverem visivelmente
sujas, em todas as situações descritas a seguir:

Antes de contato com o paciente

Objetivo: proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos oriundos
das mãos do profissional de saúde.
Exemplos: exames físicos (determinação do pulso, da pressão arterial, da temperatura
corporal); contato físico direto (aplicação de massagem, realização de higiene
corporal); e gestos de cortesia e conforto.
Após contato com o paciente
Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente próximos
ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do próprio paciente.
Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos
invasivos
Objetivo: proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos oriundos
das mãos do profissional de saúde.
Exemplos: contato com membranas mucosas (administração de medicamentos pelas
vias oftálmica e nasal); com pele não intacta (realização de curativos, aplicação
de injeções); e com dispositivos invasivos (cateteres intravasculares e urinários, tubo
endotraqueal).
Antes de calçar luvas para inserção de dispositivos invasivos que não requeiram
preparo cirúrgico
Objetivo: proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos oriundos
das mãos do profissional de saúde.
Exemplo: inserção de cateteres vasculares periféricos.

Após risco de exposição a fluidos corporais
Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente próximos
ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros
profissionais ou pacientes.
Ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, durante o
cuidado ao paciente
Objetivo: proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos de uma
determinada área para outras áreas de seu corpo.
Exemplo: troca de fraldas e subseqüente manipulação de cateter intravascular.
Ressalta-se que esta situação não deve ocorrer com freqüência na rotina profissional.
Devem-se planejar os cuidados ao paciente iniciando a assistência na seqüência: sítio
menos contaminado para o mais contaminado.
Após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente
próximas ao paciente
Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente próximos
ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros
profissionais ou pacientes.
Exemplos: manipulação de respiradores, monitores cardíacos, troca de roupas de
cama, ajuste da velocidade de infusão de solução endovenosa.
Antes e após remoção de luvas
Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente próximos
ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros
profissionais ou pacientes.
As luvas previnem a contaminação das mãos dos profissionais de saúde e ajudam a
reduzir a transmissão de patógenos. Entretanto, elas podem ter microfuros ou perder
sua integridade sem que o profissional perceba, possibilitando a contaminação das
mãos.
Outros procedimentos
Exemplos: manipulação de invólucros de material estéril.

IMPORTANTE
• Use luvas somente quando indicado.
• Utilize-as antes de entrar em contato com sangue, líquidos corporais,
membrana mucosa, pele não intacta e outros materiais potencialmente infectantes.
• Troque de luvas sempre que entrar em contato com outro paciente.
• Troque também durante o contato com o paciente se for mudar de um sítio
corporal contaminado para outro, limpo, ou quando esta estiver danificada.
• Nunca toque desnecessariamente superfícies e materiais (tais como telefones,
maçanetas, portas) quando estiver com luvas.
Observe a técnica correta de remoção de luvas para evitar a contaminação das
mãos.
Lembre-se: o uso de luvas não substitui a higienização das mãos!

USO DE ANTI-SÉPTICOS

Estes produtos associam detergentes com anti-sépticos e se destinam à higienização
anti-séptica das mãos e degermação da pele.

Indicação:
Higienização anti-séptica das mãos
• Nos casos de precaução de contato recomendados para pacientes portadores
de microrganismos multirresistentes.
• Nos casos de surtos.
Degermação da pele
• No pré-operatório, antes de qualquer procedimento cirúrgico (indicado
para toda equipe cirúrgica).
• Antes da realização de procedimentos invasivos. Exemplos: inserção de cateter
intravascular central, punções, drenagens de cavidades, instalação de
diálise, pequenas suturas, endoscopias e outros.



IMPORTANTE
De acordo com os códigos de ética dos
profissionais de saúde, quando estes colocam
em risco a saúde dos pacientes,
podem ser responsabilizados por imperícia,
negligência ou imprudência.






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