A CULPA NÃO É SÓ DA TPM

Tensão pré-menstrual não é fácil. A gente sabe. No entanto, não vale colocar a culpa de tudo que dá errado na TPM. Existem formas de contornar a situação e amenizar os sintomas dessa época complicada. Quer saber como? BOA FORMA conta.

Os estragos da TPM

Você bem imaginava: a maioria das mulheres sofre, mesmo, com a tensão pré-menstrual. A pesquisa mais recente sobre o assunto, realizada em julho de 2008 pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostra que 80% das 1053 entrevistadas têm ou já tiveram TPM (saiba mais sobre o estudo, que também contou com a participação de 527 homens, na página seguinte). Os sintomas são conhecidos: inchaço, dor nas mamas, hipersensibilidade emocional e irritabilidade, muita irritabilidade. Os hormônios, claro, fazem parte dessa história. O nível de progesterona diminui no finalzinho do ciclo menstrual e provoca muitas dessas sensações. Agora, considerar que a oscilação hormonal é capaz de, por si só, tirá-la do eixo, é excluir dessa jogada seus desajustes no trabalho, no casamento, na vida.

“A TPM não cria problemas, apenas potencializa os que já existem”, diz Nicole Plapler, psicanalista de São Paulo. Isso significa que aquele choro sem controle ou a grosseria que você fez para a sua colega no trabalho só aconteceu porque, além da dança hormonal, existiam outras coisas fora do lugar. Por isso mesmo, a gente pode dizer que a TPM é um evento biopsicossocial, em que “bio” representa o físico, “psico” a mente e “social” as relações. “Quando você está de férias na praia, a TPM tende a ser muito mais suave do que aquela que ocorre na véspera de uma prova importante ou no meio de uma crise conjugal”, diz Mara Pusch, psicóloga da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Licença para ter chilique


De uns tempos para cá, a TPM também virou alvará para todos os tipos de excessos. “Tenho pacientes que culpam o ciclo menstrual o mês inteiro. Tirando os dias da menstruação, estão sempre de TPM, o que serve para justificar a explosão no trabalho, a briga com o marido e o bate-boca com a atendente do supermercado”, diz Mara. É como se nesse período – em que a mulher se julga invadida por uma entidade hormonal – tudo fosse perdoado. “Perceba que aquela explosão não é algo externo, e sim uma faceta da sua personalidade, provavelmente menos conhecida, mas que surge no lugar e com as pessoas que dão a você essa licença”, explica Luiz Cuschnir, psiquiatra e psicanalista do Hospital das Clínicas de São Paulo e autor do livro A Mulher e Seus Segredos – Desvendando a Alma Feminina (editora Larousse).

Não é à toa que 54% das mulheres pesquisadas pela Unicamp relatam que a dança hormonal interfere no namoro ou casamento. “A gente sabe onde pode estourar. Se trabalha em uma empresa mais formal, tende a manter a linha no escritório, mas, ao chegar em casa, vai descontar no marido”, diz Cuschnir. Se a TPM intensa sugere que alguma coisa na vida não anda muito boa, o mesmo é possível concluir sobre aquela que dura o mês inteiro. “Ela aparece uma semana antes da menstruação, não mais cedo do que isso. A mulher pode estar com uma depressão leve, um problema hormonal, mas não procura ajuda porque culpa a TPM”, diz Carlos Alberto Petta, ginecologista da Unicamp e coordenador da pesquisa sobre o tema.

Os estragos no relacionamento e no trabalho


84,1% dos homens afirmam conhecer uma mulher com TPM.
78,9% das mulheres acreditam que o parceiro consegue perceber quando ela está na TPM.
Segundo as mulheres, 54,8% dos homens tentam entendê-la nessa fase sem brigar.
54,6% das mulheres notam os estragos da TPM nos relacionamentos familiares.
46,5% das mulheres percebem o impacto da TPM no trabalho.




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