Ciclo de resposta sexual em mulheres idosas


As modificações que ocorrem na mulher, no que se refere ao ciclo de resposta sexual, iniciam-se no período da menopausa, pois nesta fase ocorre uma diminuição da produção dos hormônios estrogênio e progesterona pelos ovários. Mais adiante, no período pós-menopausal, esta diminuição de hormônios poderá acarretar uma demora na lubrificação vaginal na fase da excitação, provocando dores (dispareunia) em algumas mulheres na hora da penetração.

Sobre este assunto, Masters e Johnson (1985) afirmam que:

“Conforme a mulher fica mais velha, particularmente depois do término da era climatérica, há uma demora óbvia no desenvolvimento da lubrificação, quando responde ao estímulo sexual”.(p.252)

Confirmando, a diminuição gradativa da lubrificação vaginal, Brecher, (1984, Apub BRANCROFT, 1989) relata pesquisa em que ao perguntar às participantes: “o quanto adequado é a lubrificação vaginal que você produz durante a manifestação sexual?” As percentagens de respostas adequadas às três décadas (50, 60 e acima de 70 anos) foram 48%, 35% e 23%, respectivamente. Demonstrando, assim, a diminuição gradativa de uma boa lubrificação vaginal.

No entanto, Kolodny, Masters e Johnson (1982) salientaram que esta dificuldade de lubrificação poderá aumentar pela falta de atividade sexual, ou seja, se a mulher mantivesse o exercício da sexualidade, o ressecamento vaginal seria menos observado.

Após a fase da excitação, a mulher passa para a fase do platô, na qual irá apresentar mudanças na resposta fisiológica e, em seguida, entrará na fase do orgasmo, percebendo uma diminuição das contrações da plataforma orgásmica no terço externo da vagina, sendo esta fase significativamente mais curta do que nas mulheres mais jovens. E, finalmente, após o orgasmo, a mulher chegará a fase da resolução, que também é considerada mais curta em comparação a mulheres jovens.

Segundo Kaplan (1983) mesmo ocorrendo o processo de envelhecimento e que este modifique algumas características anatomico-fisiológicas no ciclo de resposta sexual, a mulher tende a não perder a oportunidade de apresentar o desejo sexual e orgasmos em suas relações sexuais. A autora confirma esta posição, quando comenta que:

“De um ponto de vista puramente fisiológico, a libido, teoricamente, deveria aumentar durante a menopausa, porque a ação dos andrógenos da mulher, que materialmente não é afetado pela menopausa, agora não é combatida pelo estrógeno”.(p.119)

Esta citação demonstra que a mulher não perde a capacidade de sentir desejo em sua idade avançada, possibilitando a oportunidade de orgasmos múltiplos.

Confirmando a definição da autora, Hite (1976), em sua pesquisa realizada nos EUA, demonstra através de depoimentos de mulheres de idade mais avançada que a energia libidinal continua presente na vida do ser humano, como por exemplo:

“Tenho sessenta e sete anos e acho que a idade não muda muito o sexo. São as circunstâncias que o determinam. Em anos recentes, tive muito mais prazer sexual com meu marido e com outros...” (p.387)

No entanto, alguns fatores podem interferir no processo do ciclo sexual; entre eles estão o social e o psicológico. Dentre os tópicos presentes nas questões acima citadas, estão: (1) o preconceito pelo desejo e a manifestação da sexualidade; (2) a falta de parceiro; (3) dificuldade ou medo de enfrentar novas relações, (4) uma educação rígida em relação à sexualidade e (5) problemas na saúde do parceiro.

Estes itens tendem a prejudicar a manifestação do desejo sexual, fazendo com que muitas mulheres deixem de exercer a sua sexualidade.

Segundo Kolodny et al. (1982), estes dados foram confirmados por Kinsey e colaboradores que, ao pesquisarem o comportamento sexual dos americanos, constataram que a questão da menopausa tem: “pouco efeito direto na resposta sexual da mulher” (pág. 100). Verificou-se que a diminuição da atividade sexual feminina estaria relacionada com o “declínio do interesse do cônjuge masculino pelo sexo” (p.110).

Bancroft (1989) sinaliza outro fator importante na relação a dois, e que, muitas vezes, sua falta prejudica a continuidade dos encontros amorosos, que é a novidade nas relações sexuais, ou seja, a falta de inovação e o tédio são fatores importantes que contribuem para o declínio das atividades sexuais na velhice.

Nos dados oferecidos pelas pesquisas, percebe-se que as atividades sexuais das mulheres poderiam continuar, porém, o preconceito oriundo da educação e os problemas dos parceiros, dificulta uma melhor vivência de sua sexualidade.

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