Que história é essa que sexualidade tem idade?

Por Cláudia Bonfim* - profdraclaudia2009@gmail.com

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A sexualidade nasce e morre conosco, não há idade para vivê-la, sendo assim, que história é essa que sexualidade tem idade? Ainda que, a forma como desfrutamos do sexo/sexualidade seja diferente em cada etapa da vida, e para cada um. Embora a Sexualidade seja inerente ao ser humano desde nascemos. Somos seres diferentes, cada um com suas experiências e vivências ímpares. Ninguém vive as mesmas sensações e emoções em momentos igualmente determinados da vida.

O florescer da sexualidade se dá dentro da vivência única de cada um. O importante é descobrirmos e entendermos o que é necessário para que vivermos melhor e com mais prazer, com respeito ao seu corpo e ao outro, buscando romper a visão genitalista, quantitativa que a mídia e a cultura buscam consolidar. Não importa a sua idade, a sexualidade não tem idade. Ocorre que quando falamos em prazer as pessoas logo associam esta sensação ao ato sexual, e mais reduz esse ato às genitálias, como se os prazeres da vida e a nossa sexualidade se reduzissem a isto. A sexualidade não se limita ao prazer do ato sexual, embora esse momento seja também uma celebração, não podemos reduzir a este momento, nem renunciar viver com plenitude nossa sexualidade em qualquer fase da vida, pois estaríamos abrindo mão de uma parte essencial de nós mesmos.

A sexualidade é essencial para uma pessoa ser feliz, porém, estamos condicionados a viver nossa sexualidade de maneira limitada, o meio cultural que vivemos embrutece nossos sentidos e sentimentos, ditando o que “se pode ou não fazer”, nos deixando presos a preconceitos que não nos permitem compreender, ver e viver plenamente nossa sexualidade.

Os tabus e preconceitos enraizados na sociedade e nas pessoas de maneira individual, leva-nos a pensar que a sexualidade pertence à juventude, reduzindo sua vivência na terceira idade ao amor platônico ou à abstinência sexual, relegando e ignorando que podemos viver uma sexualidade ativa, ainda que, de forma diferente, porém, não menos prazerosa. Somos capazes de proporcionar e sentir prazer durante toda vida. O ato sexual em si, pode ter uma freqüência menor, o que não diminuiu nossa da capacidade de amar, dar e receber carinhos e viver outras emoções igualmente prazerosas. A sexualidade na terceira idade é, freqüentemente, vista e baseada em velhos estereótipos privado de significados, associada à disfunção ou insatisfação.

A sexualidade mercantilista consolida a visão genitalista e equivocada que a sexualidade está ligada aos corpos belos. Nessa vertente os estereótipos que as pessoas da terceira idade não seriam mais atraentes fisicamente, nem teriam interesse por sexo ou seriam incapazes de sentir algum estímulo sexual, são equívocos e preconceitos que, unidos à falta de informação, induzem muitas pessoas da terceira idade à uma atitude pessimista referente à sua sexualidade.

A sexualidade não é sinônimo de ato sexual, ela envolve todo nosso ser, corpo, mente, subjetividade, capacidade de dar e receber afeto, carinho, envolve troca, pressupõe amor, sensualidade, fantasia e inteligência. Será que a velhice nos rouba tudo isto? Não. Devemos entender que cada fase da vida tem belezas, encantos e devemos viver plenamente cada uma deles. Não podemos aceitar essa visão reducionista da sexualidade ao contato de genitálias, o próprio sexo pode ser o resultado de vários outros estímulos e toques afetivos, sensuais e carinhosos como a auto-estimulação, fantasia, erotismo, coito, entre outros. Não há idade para amar, desejar alguém e ser feliz. Vivam profundamente suas sexualidades, com ereção, sem ereção, atingindo ou não o orgasmo do corpo; busquem a satisfação da alma.

Compreendermos e vivemos a sexualidade traz vida, disposição e alegria, devemos vivê-la da maneira mais intensa possível, nos despindo de normas e regras falsamente moralistas, que castram nossos desejos e potencialidades como se fossemos animais. Somos seres humanos, nascemos sujeitos sexuados e através do afeto, desse encontro de comunhão com o outro, entrega, convívio, partilha de sensações, emoções, aprendemos a respeitar além de nossa individualidade, o outro.

Usem a mente, nosso maior órgão sexual, para que a vida seja prazerosa enquanto seu coração bater. Nada pode ser maior que o prazer de viver! Há prazeres tão incomensuráveis como o sexo em si, o prazer de um abraço, da carícia nas mãos, o toque no rosto, no corpo, olhares intermináveis de ternura, um beijo carregado de amor, carinho, paixão, respeito, encantamento, admiração, de sorrir juntos até a barriga doer, compartilhar sonhos, planos, anos, histórias, de estar junto, de simplesmente, poder amar e ser amado. Esqueça o fator idade, viva sua sexualidade com criatividade e cumplicidade!

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*Cláudia Bonfim é Doutora em História, Filosofia e Educação (UNICAMP); Mestre em Educação, Especialista em Metodologia e Didática do Ensino, Licenciada em Biologia (UENP-FAFICOP); Vice-Presidente da Associação Brasileira de Educação Sexual (ABRADES); Docente da Faculdade Dom Bosco de Cornélio Procópio-PR. Blog: http://educacaoesexualidadeprofclaudiabonfim.blogspot.com/

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