Mudanças ou perdas? Uma questão de interpretação

Através dos conceitos errôneos e dos estereótipos negativos em relação ao comportamento sexual do idoso, verificam-se achismos e distorções que afirmam que, ao chegar a uma determinada idade, o ser humano perde por completo o interesse pela atividade sexual.

Para tentar esclarecer as mudanças na área da sexualidade, durante o processo do envelhecimento no ser humano, faz-se necessário enfocar alguns tratados dentre os quais um trabalho realizado nos anos 60, nos Estados Unidos, pelos pesquisadores Masters e Johnson (1981).

Ao verificarem o comportamento sexual dos americanos, constataram a existência de um ciclo de resposta sexual. De acordo com os pesquisadores, o ciclo divide-se em: (1) fase da excitação; (2) fase do platô; (3) fase do orgasmo e (4) fase da resolução.

A primeira fase é a excitação, que se inicia através de estímulos que podem ser visuais ou psicológicos. A partir desses estímulos, sendo ela adequada às necessidades individuais, a intensidade da resposta aumenta e prolonga-se.

Após a excitação, ambos entram na fase do platô, onde as tensões sexuais aumentam de intensidade. A duração desta fase irá depender da eficácia dos estímulos empregados nas necessidades individuais para que, assim, possa ou não ocorrer o prolongamento deste período.

Ao acumularem uma grande carga de tensões sexuais, o casal atinge o orgasmo e assim parte para a última fase que é a da resolução, onde ambos relaxam.

No entanto, segundo Masters e Johnson (1981), existem uma diferença entre o homem e a mulher na fase do orgasmo, ou seja, enquanto o homem, ao atingir o orgasmo, parte para a fase da resolução, a mulher poderá, caso estimulado, atingir outros orgasmos na mesma relação sexual.

É importante também comentar que, mesmo que o ciclo seja demonstrado de forma bem didática, deve-se estar atento, pois este poderá ter modificações de indivíduo para indivíduo, em termos de tempo, disposição, educação e um fator primordial que é o desejo de estar com o(a) parceiro(a).

A questão do desejo sexual é igualmente importante para a compreensão da sexualidade valorizada por Kaplan (1983) que, em sua teoria, inclui esta fase no ciclo sexual. Sendo assim, para a autora, o ciclo divide-se em: (1) fase do desejo, (2) fase da excitação e (3) fase do orgasmo.

O ciclo de resposta sexual, de acordo com Masters e Johnson (1981), foi constatado em todas as pessoas que participaram da pesquisa. No entanto, através de observações mais apuradas, os estudiosos notaram que, em pessoas idosas, este ciclo assumia algumas modificações que são importantes de serem relatadas. É necessário esclarecer, no entanto, que o objetivo do presente trabalho não se concentra nas modificações anatômico-fisiológicas, e sim na demonstração dos aspectos sócio-psico-sexuais.